segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Capitulo Oito - Segunda Temporada.

Indicação.



Os toques, ou melhor, as batidas que vinham da porta da frente não surtira efeito algum em Will, que continuava a dormir tranquilamente. Mas Seth, que estava ao seu lado, olhando para ele, como se guardasse seu sono, virou-se em direção á sala. Pensou que era melhor atender antes que Will acordasse.
Seth colocou o roupão que estava pendurado no cabide e foi em direção á sala, para finalmente abrir a porta e ver uma figura de tamanho médio, cabelos claros e olhos azuis.
Mick se surpreendeu quando viu Seth atender a porta. Não que fosse uma coisa na qual ele não esperasse, mas eram quase onze da manhã.
--- Mick? Oi. Que surpresa.
Mick tentou esbolçar um sorriso, mas sem muito sucesso.
--- Eu que o diga. Hã... --- ele olhou para além dos ombros de Seth --- O Will tá aí?
--- Entre --- disse Seth, dando passagem --- Ele está dormindo.
Quando Mick ouviu essas palavras, ele recuou.
Mick não era um grande fã Seth. Sempre o achou muito sarcástico demais. Mas quem sabe se, depois que ele ficou doente, seu humor salgado pudesse ter sumido? Era uma possibilidade. Remota, mas existente.
--- Hãã... Tudo bem, eu volto mais tarde. Deixe-o dormir... A noite deve ter sido longa.
--- Pois é. Muita conversa para se colocar em dia.
Mick sorriu asperamente.
--- Com certeza. Digo, quem some por quase um ano deixando apenas um bilhete deve ter muita coisa para conversar. Tchau Seth.
Mick se virou, mas antes de começar a andar, a voz de Seth o fez parar.
--- Pelo geito você continua sendo o garoto chatinho que não gosta de mim só porque eu tenho a unica coisa que você não pode ter.
Seth cruzou os braços diante do peito.
--- Pois é, leucemia é algo que ainda não se vende no mercado.
--- Não estou falando sobre leucemia.
--- Não? Sobre o que é, então?
--- Will.
Mick piscou conpulsivamente duas vezes seguidas.
--- Você bebeu? Ou é efeito colateral dos remédios?
Seth riu sem humor e olhou para Mick.
--- Pare de ser idiota. Você sabe o motivo pelo qual você não gosta de mim. O motivo é que eu tenho o coração do Will. E no máximo de partes do corpo que você conseguiu ter foi o pinto dele, há uns três anos atrás.
--- Muito bem, em primeira lugar, eu e o Will somos amigos.
--- E daí? Pense um pouco, garoto. Você não vai muito com a cara do Luigi, pois você tem uma queda pelo Peter. Você não tem vontade de ficar com o Arthur porque ele é muito feliz sendo apenas um micro-empresário que tem sua propria livraria. Coloque ele dentro de um terno do Giorgio Armani, e dentro de uma empresa multinacional. O seu orgulho não permite que você aprecie o Arthur pois ele é uma pessoa de espirito simples.
Mick o encarava sem dizer nada, apenas escutando.
--- Engraçado como as coisas são. Você gosta do Will, mas não tem coragem de ficar com ele e também não quer que ele fique com ninguem. Principalmente comigo, a pessoa que ele ama.
Mick já estava cansado daquela conversa.
--- Você virou analista? Aonde está o divã? E eu acho que você precisa avaliar esses seus conceitos. Will fica com quem ele quiser, eu não me importo.
Antes que um dos dois pudesse dizer algo, os passos de Will foram ouvidos vindo do quarto, e depois passando pela sala. Logo Will apareceu na porta, coçando os olhos e se espreguissando.
--- Mick? Oi, e aí? --- disse ele, quando se aproximou.
--- Mick estava passando por aqui e resolveu nos visitar --- mentiu Seth.
--- Na verdade, Will, eu queria saber sobre os resultados dos exames.
Seth e Will se entreolharam. Seth já estava a par de tudo, até de que Will não fizera os exames.
E para que esconder? Mick era o unico que sabia daqueles exames.
--- Sabe Mick, eu... Eu não fiz os exames.
Mick empalideceu. Suas sobrancelhas se abaixaram.
--- Como é? Do que você está falando?
--- Mick, eu não fiz. Eu... Eu fiquei com medo e acabei não fazendo. Mas eu vou fazer logo.
--- Logo? Devia ter feito antes! Quer companhia? Eu tenho um tempo livre a tarde...
--- Não precisa --- disse Seth, fazendo-se presente --- Eu vou com ele.
Aquilo foi como se um saco de cimento tivesse caido do céu e acertado em cheio a cabeça de Mick.
--- Humm, tá. Qualquer coisa eu... Bom, esquece. Até mais.
Mick praticamente correu de volta para casa.
Enquando ele se afastava, Will o observava ir embora.
--- O que houve? --- disse ele para Seth.
Seth deu os ombros.
--- Vai entender esses universitários.



Peter estava sentado em sua mesa, esperando que um documento do Word terminasse de ser impresso, quando a cabeça de Katherine, sua secretaria, apareceu na porta.
--- É para o senhor, senhor Calledon.
Ela mostrou um envelope branco, que tinha uns desenhos que na hora Peter não conseguiu entender quais eram.
--- Coloque aqui em cima, por favor, Katherine.
Ela tinha um sorriso contido no rosto. Um sorriso que não passou despercebido por Peter.
--- O que foi? --- disse ele.
--- Nada.
Ela colocou o envelope em cima da mesa e ficou alí, imóvel.
Agora mais de perto, Peter pode ver quais eram os desenhos do envelope. Eram plantas. Plantas de projetos arquitetonicos. O envolope era enfeitado com riscos azuis, alguns numeros e centimetros de regua usados para medir e marcar.
Katherine continuava alí, esperando que algo acontecesse.
--- Você quer que eu leia em voz alta, Katherine? --- disse Peter, sorrindo --- Ou eu posso te enviar por e-mail.
Ela riu, sem graça, e saiu da sala, ainda sorrindo.
Antes de abrir a carta, Peter viu seu nome escrito em vermelho no centro do envelope.
Ele abriu o envelope e retirou um papel dobrado três vezes. Era um documento digitado no computador, mas a assinatura do remetente era feita á mão.
Peter começou a ler a carta.

" Caro senhor Peter Calledon,
É atravez desta que a associação de Designer de Interiores do Brasil, fundada em 1991, informa que o senhor está sendo indicado ao premio NewCorel, na categora de Decorador do Ano. Tal indicação refere-se ao seu excelente trabalho como diretor, na redecoração do transatlantico Queen Mary Two. A premiação será no dia onze de fevereiro de dois mil e nove (11/02/2009), ás nove horas da noite, no teatro Sarah Said. Por favor, traga um (a) convidado para acompanhar-lhe durante o discurso de agradecimento, caso o senhor ganhe o premio. Sua presença é muito importante para o ramo de Design de Interiores no país.

Meus sinceros votos de sorte,
Marcell Loui, presidente da Associação de Designers de Interiores do Brasil "

Peter estava imóvel, mas sua mente estava á milhão. Agora ele entendia o estranho sorriso no rosto de Katherine. Aquela carta e aquela indicação já devia estar sendo esperada por todos.
Peter ainda não acreditava no que acabara de ler. O premio NewCorel era destinado á todos os decoradores que haviam se destacado durante o ano. Grandes nomes como Carolina Lankaster, Danyel de Leon, Penelope Lopez e Josh Schwartz já haviam ganhado o premio mais de uma vez. Peter nunca se imaginara naquela premiação, muito menos concorrendo em uma categoria, e muito muito menos na categoria de melhor decorador.
Peter resolveu ir até a sala de Christopher e informar a novidade. Mas não foi necessário nem chegar até o elevador. Quando ele saiu de sua sala, todos os decoradores da empresa se espremiam no minusculo corredor. Alguns gritavam, outros batiam palmas e alguns abriam garrafas de champanhe e jogavam a espuma uns nos outros.
É melhor eu ganhar esse premio, pensou Peter, eles não vão ficar felizes por terem gastado mais de cem reais numa garrafa de champanhe á toa.



O garoto subia as escadas em direção ao seu destino, triunfantemente. Sabia que seu ultimo ato, o mais ousado que havia feito, havia surtido alguns efeitos positivos. Positivos para ele, claro.
Enquanto continuava a subir, ele tirou os fones de ouvido (que ficaram pendurados na sua camiseta em gola em V) e desligou o tocador de musica do seu celular.
Chegou ao estudio e entrou, sem pedir permisão ou pelo menos bater na porta. Ele podia fazer isso. Ele não era qualquer um.
Luigi terminava de dispensar as modelos do departamento de fotografia quando viu alguem parado, atrás dele.
Era familiar, mas algo estava diferente.
Em poucos segundos, quando seus olhos se encontraram pelo que pareceu ser uma eternidade, ele lembrou quem era aquele garoto de cabelos claros e olhos castanhos.
A mudança significativa era na altura do rapaz, e nos musculos do braço que as mangas da camiseta apertada faziam a obrigação de exibi-lo mais.
As roupas também eram diferentes. Quase todas as vezes que Luigi viu aquele garoto, ele usava uniforme escolar azul.
A unica vez que o vira sem uniforme foi quando o garoto ficou apenas de cueca na sala dele, em cima da mesa.
Um detalhe saltou aos olhos de Luigi: A gola em V da camiseta super apertada, que exibia o começo do peito totalmente liso.
Qual a graça de ficar com garotos que não estavam na puberdade? Era a mesma coisa que pegar uma mulher.
Eric Walker. Filho da chefe de Luigi, Victtoria Walker.
Esse mesmo garoto causara um pequeno tremor no relacionamento entre Luigi e Peter, á alguns meses atrás.
Dissimulado. Pervertido. Fútil até o ultimo fio do cabelo.
O garoto olhou para o proprio corpo e sorriu, como se olhasse para um troféu.
--- Delicioso, fala sério. E aí... Luigi? Quanto tempo não nos vemos.
Luigi se virou e começou a guardar o equipamento fotográfico.
--- Realmente. Deixe me ver... A ultima vez foi quando você deixou aquele preservativo usado no meu sofá, se eu não estou enganado.
--- Dim dim dim --- Eric bateu palmas --- Sua memória é ótima. E desculpe por isso. Não foi minha intenção.
Pasciencia, pensou Luigi.
--- A não? Então você quer dizer que acidentalmente você transou com um cara e fez o esperma dele para dentro do preservativo?
Eric sorria diante do seu triunfo.
--- O esperma era meu. Eu pensava em você enquanto eu... --- ele sorriu dissimuladamente --- Ah, você sabe, não se faça de santo.
Luigi deu as costas e começou a andar pelo estudio, em direção á sua sala.
--- Mas já vamos para a sala? Eu não sabia que você fazia o tipo moderno --- disse Eric, enquanto seguia Luigi pelo estudio.
Luigi passou pela porta e a fechou. Como se isso detivesse Eric, que entrou assim mesmo.
--- Tá, garoto, o que você quer? --- Luigi foi curto e grosso, mas não sabia se ia querer saber a resposta.
--- Ah, não sei --- disse ele, se aproximando --- conversar... Sabe, eu sou extremamente preocupado com o tratado de paz internacional. Vicêjá leu todas as clausulas? São imperdíveis.
--- Pare de ser idiota, garoto.
--- Não me chame de garoto. Sabe, na verdade eu vim aqui cobrar o meu presente.
--- Presente de que? Você vai para o Camboja e quer algo bonitinho para usar?
Eric sorriu e sentou em cima da mesa.
--- Engraçado, mas não. Bom, como pode perceber, estou mais crescidinho... Fiz 17 anos semana passada e você me deve o meu presente. Se bem que... --- ele começou a passar o dedo indicador sobre o peito de Luigi --- Meu presente não precisa estar embrulhado. E eu falo isso nos dois sentidos.
Luigi deu um tapa na mão de Eric, que fingiu não perceber.
Com os dedos do meio e o indicador, Eric imitou um par de pernas, que começaram a descer pelo peito de Luigi, chegando até a cintura.
Mais um tapa. Dos fortes.
Eric sorriu e olhou para o porta retrato que estava perto do seu joelho.
--- Pelo geito você ainda está com o gordinho. Não cansa de tanta gordura?
--- Ele não é gordo. E ele não precisa estar de camiseta apertada para ser sexy. E isso não é da sua conta.
--- Então quer dizer que você me acha sexy de camiseta apertada? Sinceramente eu fico mais sexy sem camiseta. Sem roupa nenhuma é uma visão do paraiso.
--- Vou te dar um sobretudo no Natal --- respondeu Luigi, frio, começando a arrumar sua mala para ir embora.
Eric riu, pretendo fazer um comentário. Mas sua vontade foi interrompida quando, lá do estudio, uma voz chamava por Luigi.
--- Luigi? Luigiii, Hei. Está aqui ainda?
Luigi olhou para Eric e empurrou-o da mesa.
--- Vai embora, tchau.
--- Não. Deixa eu conhecer seu gordinho.
--- Ele não é...!
Luigi foi interrompido pela cabeça de Peter, que apareceu na porta.
--- Oi, hã, estou atrapalhando?
--- Não amor, pode entrar.
--- É, pode entrar --- disse Eric, maliciosamente.
Peter não sabia quem era aquele garoto alto que estava na sala de Luigi. Eric e Peter nunca haviam se encontrado antes.
--- Eu, hã, tenho que ir --- disse Eric, dando a volta na mesa e indo para perto de Luigi --- Querido, foi bom ve-lo. Eu te ligo para convidar para a minha festa, okay?
Peter estava parado na porta, sem dizer nada. Sorria ingenuamente.
--- Você pode vir também --- Eric se dirigiu a Peter.
--- Hã, claro, seja lá para o que for --- disse Peter, mecanicamente.
Antes de Eric sair, ele se virou mais uma vez para Luigi e colocou a mão na barriga, e com o polegar apontou para Peter.
--- É sim. Sem duvida alguma.
Ele se virou, sorriu para Peter e saiu da sala. Segundos depois estava descendo as escadas.
--- Quem é? Modelo? --- perguntou Peter.
Luigi parecia constrangido, como se tivesse feito algo de errado.
--- Não, não é modelo não.
--- Não? Parecia. Fotografo?
--- Também não.
As sobrancelhas de Peter se abaixaram, indicando que estava confuso.
--- Faxineiro? Conselheiro espiritual? O cara que faz café?
--- Eric Walker --- disse Luigi, de uma vez.
Por um segundo, a cabeça de Peter virou um grande sinal de interrogação que piscava em cor Neon.
Por um segundo.
O nome circulou pela mente de Peter, como se estivesse procurando por um arquivo perdido em diversos documentos. Foi como um raio correndo por uma estação de energia elétrica.
--- Como é? Eric... Aquele?
Peter havia descoberto o nome da pessoa que entrara em sua casa e deixara o preservativo, atravez do porteiro do condomínio, que tinha que anotar os nomes de todas as visitas.
Luigi estava indeciso quando respondeu.
--- É. Aquele... Aquele sim.
Peter não se abalou.
--- O que ele queria?
--- Nada que ele possa ter. Mas que surpresa é essa? Meu namorado nunca vem até o meu trabalho.
--- Como se você fosse até a ArtDeco todos os dias --- disse Peter, abraçando Luigi pelo pescoço.
--- Eu nunca me interessei muito por plantas ou almofadas italianas --- respondeu Luigi.
--- E eu nunca fui muito fã de lentes ou de modelos com cintura tamanho 36 --- Peter rebateu.
--- Eu uso 37.
--- E sei. Você tem que mandar apertar todas as calças que você usa.
Luigi sorriu e deu um beijo rápido em Peter.
--- Mas sério, a que devo a honra?
--- Bem ... --- Peter se afastou e colocou a mão na cintura --- Você está falando com um dos indicados á decoradores do ano.
Luigi arregalou os olhos, e depois explodiu.
--- Eu sabia que você ia vencer! Eu sabia!
Ele correu até Peter e o abraçou, enquanto girava-o no ar.
--- Calma, eu só fui indicado.
--- E já ganhou, com certeza!
--- Não sei, os outros indicados são, digamos que... Fortes.
Luigi enconstou na mesa e puxou Peter para si.
--- Quem são os outros?
--- O Josh Schwartz e a Penelope Lopez estão sendo indicados pela segunda e terceira vez, respectivamente. Tem também o Leon, Eu, e mais uma outra decoradora, que também está sendo indicada pela primeira vez.
--- Um bando de loosers, com certeza. Você já começou a ensaiar seu discurso?
--- Ainda não. Falando em discurso, eu tenho que levar alguem para me acompanhar durante a entrega do premio. Conhece alguem disponivel?
--- Olha, a Madonna já tem compromisso, mas eu acho que o Papa está livre.
Peter deu dois socos leves na barriga de Luigi, que tentou conte-lo com as mãos.
Luigi e puxou para si de novo e disse bem perto do seu rosto:
--- Será um prazer.
Peter sorriu, como se fosse o garoto mais inteligente da turma.
--- Já contou aos meninos?
--- Ainda não. Recebi a carta hoje de tarde.
Luigi pensou durante alguns segundos.
--- Vamos ao Archier. Depois á algum lugar mais reservado.
--- E esse local reservado tem espelhos no teto? --- disse Peter, baixinho.
--- E hidromassagem.
Peter sorriu e passou os lábios no pescoço de Peter.
--- Precisamos ir até o Archier? --- disse Luigi --- Podemos só ligar, ou mandar um sinal de fumaça.
Peter riu alto e puxou Luigi em direção á porta.
--- Quando mais cedo chegarmos, mais cedo saímos.
Luigi concordou com a cabeça e eles seguiram para o Archier.


Parecia que o Archier estava oferecendo comidas de graça, pois parecia que todos os solteiros da cidade tinham ficado de beber café e comprar livros. Mick estava lá, ajudando Arthur. Mick ficava no balcão de livros, enquanto Arthur fazia os cafés.
Vinte minutos depois, o lugar já estava mais calmo. Talvez os solteiros da cidade já estivessem fartos de café ou não queriam mais ler os livros.
--- Depois dessa, eu ganhei massa muscular --- disse Mick, se abanando com as mãos.
--- Trabalhar no meio de tecidos realmente estimula o seu sedentarismo --- responder Arthur, terminando de guardar um dos copos.
Arthur esperava uma resposta de Mick, o que não ocorreu. Mick estava olhando para o nada, fitando o vazio.
--- Coelhos com patas de cavalo, barraca de sorvete no meio do deserto, os desenhos do pernalonga que você via quando era criança, o novo filme do Batman que que estreou dia 36 do mês 15 desse ano...
--- Porque você tem a mania de dizer bobagens quando pega alguem olhando para o nada? --- perguntou Mick, saindo do seu transe.
--- Para traze-lo de volta a realidade. E sempre dá certo.
--- Humpf.
Arthur percebeu algo estranho no olhar.
--- O que houve?
Mick olhou para ele. Precisava conversar com alguem.
--- Seth. Está feliz com a volta dele?
A resposta de Arthur foi altomática.
--- Claro, porque não estaria? Digo, Will está feliz da vida.
--- É que sei lá... Ele sumiu de repente, e quem ficou do lado dele? Nós. E nós sabemos que Seth tem os dias contados.
--- Mick, não fale assim.
--- Mas não é? Digo, quando ele for desta pra melhor, como o Will vai ficar?
Arthur considerou a questão.
--- Então você acha que o Seth não devia ter voltado, aí quando ele morresse, o Will não ia ficar sabendo e continuaria tudo como antes?
--- Sim --- respondeu Mick, como se Arthur tivesse acertado bem no alvo.
--- Então o fato do Will estar feliz com o cara que ele ama não é importante? --- disse Arthur.
--- Não se o cara estiver com os dias contados. Que tipo de amor é esse que tem prazo para acabar ?
Antes que Arthur pudesse respondeu, seu celular vibrou em seu bolso, uma unica vez.
Arthur pegou o celular e viu no visor um envelope fechado. Uma mensagem havia chegado.
Segundos depois de ler a mensagem, e ficar sorridente, Arthur virou para Mick e perguntou.
--- Mick, você tem baton, aí ?



Pouco tempo depois, uma outra mensagem era enviada, dessa vez para Will. Foi Seth que a leu.
--- Vamos para o Archier --- disse ele para Will --- Algum tipo de comemoração para o Peter.
Will, que estava procurando um CD na sua estante, se virou e fez uma careta.
Seth revirou os olhos.
--- Você e o Peter tem que voltar a se tratar normalmente. Qual é, Will, vocês são amigos há anos.
--- Seis anos --- disse Will, virando-se de costas para Seth.
Seth ficou calado e cruzou os braços em frente ao peito.
Cinco munutos depois, o silencio já estava irritando Will.
--- Okok, vamos --- disse Will, se convencendo.
Seth sorriu e pegou na mão dele. Minutos depois, eles estavam indo para o Archier.



Quando Luigi abriu a porta e deu passagem para Peter entrar primeiro, o sino acima da porta fez o barulhinho habitual.
Peter sorriu quando percebeu o que estava acontecendo alí.
Algumas folhas de papel sulfite haviam sido coladas uma á outra, formando uma unica folha. Estava pendurada na parede que ficava de frente para a porta.
De uma forma bem despreocupada, as palavras " Parabens, Peter! " foram escritas nessa grande folha, com algum tipo de tinta vermelha. A textura dessa tinta lembrava muito á baton.
Seth, Will e Arthur estavam do lado esquerdo, com chapeuzinhos de festa de criança na cabeça. No lado direito estava Mick, que também usava um chapelzinho, e com uma travessa de muffins. No meio do muffin que estava no centro, havia uma vela quebrada ao meio para ficar menor.
--- Eu sei que é ridiculo --- disse Mick --- Mas foi o que conseguimos fazer em 10 minutos.
--- Oito minutos e doze, para ser mais específico --- disse Arthur.
Peter riu alto, junto com Luigi.
--- Bom, então... Parabens! --- disse Mick, erguendo o prato de muffins.
Seguiu-se um coro de palmas e pequenos gritos.
Quando todos se acalmaram, Peter conseguiu abraçar cada um deles.
Quando foi abraçar Will, foi meio estranho. Nenhum dos dois estavam totalmente á vontade um com o outro.
--- Mas como vocês souberam? --- disse Peter, servindo-se de um muffin e mordendo as beiradas.
--- Luigi mandou uma mensagem pelo celular --- disse Arthur, terminando de comer um muffin.
Peter riu e segurou a mão de Luigi.
--- Valeu, pessoal. Adorei tudo. Até mesmo a faixa de papel sulfite.
--- Idéia minha --- disse Arthur --- Mas o batom foi o Mick que arranjou.
--- Como? --- disse Will.
Mick terminou de engolir um muffin e respondeu.
--- Não queiram nem saber.
Meia hora depois, Luigi pagava a suíte " Diamante " com o seu cartão de crédito. A atendente estendeu uma caixa de preservativos para Luigi.
--- Não, obrigado --- disse ele, pegando na mão de Peter e subindo as escadas, em direção á suite mais luxuosa daquele motel.

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