sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Capitulo sete - Segunda Temporada.

Paixão, Atração, Necessidade e Exibicionismo.


Quando Mick desceu as escadas, encontrou o primeiro andar da casa completamente vazio. Perguntou-se aonde Luigi e Peter estavam.
Sua pergunta foi respondida por um imã de geladeira que segurava um pedaço de papel.
Luigi escrevera rapidamente " Encontre-nos no Archier quando você acordar, gato. Aliás, onde a senhora passou a noite? "
Mick havia passado a noite com um amigo da faculdade. Em um momento, Mick e esse amigo chamado Lewis estavam comparando dois tipos de tecidos, no outro momento eles estavam no apartamento de Lewis, tirando a roupa um do outro enquanto se beijavam.
Mick tentou não lembrar-se muito daquela noite, pois a mesma havia sido um pouco estranha.
ele olhou no relógio e depois subiu as escadas, rumo ao seu quarto para se vestir e encontrar os amigos na cafeteria.

A placa de "Fechado" estava pendurada na porta do Archier, mas isso não significava muita coisa para Luigi e Peter. Arthur sempre fazia isso quando seus amigos queriam ficar um pouco mais á vontade pra conversar.
Quando Mick chegou na livraria-café, Arthur estava colocando cubinhos de açucar e de frutas cristalizadas em dois potes, Peter estava sentado em uma das mesas e Luigi estava afastado, falando ao celular.
Mick deu algumas batidas na porta. Peter foi até ele e abriu uma pequena fresta.
--- Sim? O que deseja?
--- É que eu vim aqui ontem e esqueci o meu pinto de borracha dentre do pote de açucar.
Peter revirou os olhos.
--- Você não sabe fazer piadas sem conteudo anal ou... Pintal?
Mick empurrou a porta e entrou.
--- Bom dia pra você também.
Luigi tinha terminado de falar ao celular e se juntou com resto do grupo.
--- Bom dia Lui, Arthur --- disse Mick.
Ambos responderam ao mesmo tempo.
--- Bom dia, Mick.
--- Quem era ao celular? --- perguntou Peter.
--- Hã... Era do trabalho --- mentiu Luigi.
Peter concordou com a cabeça, e todos se sentaram na mesa. Todos, menos um.
--- Cade o Will? --- Mick disse.
--- Eu liguei para ele hoje de manhã --- Arthur disse, e depois serviu-se de bolachinhas salgadas --- Mas ninguem atendeu.
Peter tinha uma vaga idéia da onde Will poderia estar, mas ficou quieto.
Luigi começou a falar.
--- E aí, Mick. A noite foi boa?
Arthur e Peter se viraram para ouvir a resposta.
Mick parecia meio constrangido.
--- Foi... normal.
A resposta fez com que todos ali ficassem desconfiados. Geralmente Mick adorava fakar de suas experiencias sexuias, mas isso não aconteceu.
--- O que houve? --- perguntou Arthur.
Mick pensou durante alguns instantes.
--- Ah, sabem como é, né? Beijos, eu fui ativo, passadas de mãos, unhas nas costas, coisas do tipo.
Ele bebeu um longo gole de café, olhando para dentro da xicara.
Os outros estavam perplexos.
--- Como é que é? --- disse Luigi.
--- Você foi ativo? --- Peter não acreditava no que ouvia.
--- Hahahaha! --- Arthur ria --- du-vi-do.
Mick franziu as sobrancelhas.
--- O que foi? Vocês acham que eu só sei ser passivo?
Peter, Luigi e Arthur se entreolharam e tiveram um ataque de risadas.
--- Querido --- disse Peter, no meio do ataque --- conta isso direito vai.
Mick se arrumou no banco e começou a contar.
--- É um amigo meu da faculdade. Sei lá, eu nunca tinha reparado nele... Ele acabou dando carona pra mim, e quando eu percebi nós estavamos ficando.
--- Mas porque você foi ativo?
--- Porque ele só é ativo com o namorado dele. Ele acha que se ele for passivo numa transa, isso não pode ser considerado como traição.
Eles ficaram pensando nisso por um tempo.
--- Ridiculo --- disse Luigi.
--- Totalmente --- Peter acrescentou.
--- Acho que traição é a mesma em todas as situações --- disse Arthur.
Peter pensou durante um minuto e disse:
--- Acho que traição e atração são coisas bem diferentes. Talvez você transar com um cara porque ele é gostoso é uma coisa. Agora você transar com um cara porque você o ama, mas tem um relacionamento sério com outra pessoa, é outra coisa.
Luigi parecia não ouvir aquilo.
--- Como é que é? --- disse Luigi.
--- Ah, sei lá. Acho que isso acontece. Você tem um namorado mas acaba ficando com outra pessoa por atração física. Olhem o que aconteceu com o Mick --- Peter gesticulou para o amigo --- Ele ficou com um cara comprometido que sentia atração fisica por ele.
Parecia que a conversa era só entre Peter e Luigi.
--- Então quer dizer que não é traição? --- disse Luigi.
--- Sei lá. Não seria pior se o cara tivesse ficado com o Mick porque ele sentia algo mais por ele?
--- Então traição possui um tipo de hierarquia? Escala? Graus?
Arthur e Mick se entreolharam.
--- Então existe traição por paixão e traição por atração? --- Luigi perguntou para Peter.
--- Eu não sei, tá legal? Só acho que são coisas que são casos á pensar.
--- Tudo bem então. Vamos dizer que passe um cara lindo na rua e eu sinta atração por ele. E eu acabo ficando com ele. Como você se sentiria?
Peter não sabia se eles estavam conversando ou discutindo.
--- Você não faria isso.
--- Ah não?
--- Lógico que não. Você não teria coragem.
--- E você teria, Peter?
--- Não.
Luigi pareceu não se convencer.
Como a conversa do Mick sendo ativo veio parar na minha fidelidade? pensou Peter.
--- Continuamos a conversa depois --- disse Luigi, encerrando o assunto.
Peter revirou os olhos e deu uma mordida em uma bolacha.
Mick, que estava calado durante essa conversa/discução, perguntou para Arthur.
--- E se fosse com o Colin? Seria traição?
Luigi deu um chute na canela de Mick por debaixo da mesa.
Arthur estava de boa quando respondeu.
--- Acho que não. Como o Peter disse, traição por atração não é algo tão grave assim. E além do mais, Colin ficaria com outras pessoas não por atração, mas por dinheiro.
--- Então é mais um grau de traição --- disse Luigi, olhando para Peter --- Até agora temos três: Paixão, Atração, e Necessidade.
--- Então, por você, estaria tudo bem? --- disse Peter, ignorando o olhar de Luigi.
--- Talvez sim. Antes dele ir, nós falamos á respeito.
O silencio se fez presente durante alguns minutos.
Peter não pensava em nada em especial, apenas nas perguntas idiotas que Luigi fez para ele.
Luigi pensava em traições. Ele se perguntava que, se Peter se sentisse atraído por outro homem, ele não se sentiria mal com a traição.
A mente de Mick gostou de pensar sobre isso.
--- E os atores pornôs? --- disse ele.
Arthur o fuzilou com os olhos.
--- Digamos que um ator tem um relacionamentos sério. Seria traição se ele fizesse um filme?
--- Isso é mais um grau de traição? --- perguntou Luigi --- Exibicionismo?
--- Mas acho que esses atores não fazem esses filmes porque eles gostam. Acho que isso pode ser classificado como Necessidade --- Mick respondeu.
--- Se é Necessidade --- Luigi voltou a perguntar --- Por que não viraram garotos de programa?
A conversa agora parecia ser apenas entre Luigi e Mick.
Mick não soube responder a pergunta de Luigi. E nem precisou. Luigi já tinha a resposta.
--- Esses atores devem pensar " Eu tenho um corpão e um pinto bem grande. Por que não mostra-los ao mundo? " --- respondeu Luigi.
--- Então é Exibicionismo --- concluiu Mick, levantando a xicara de café e estendendo para Luigi.
--- Paixão, Atração, Necessidade e Exibicionismo. Esses são os graus de uma traição.
Peter virou o rosto para Luigi.
--- Nem comento --- disse ele para Luigi, e lembrando-se de outro assunto, perguntou para Arthur --- Querido, e aquela historia do video?
Fazia semanas que Arthur não pensava nisso que nem ele sabia como estava essa história.
--- Não faço a mínima. As pessoas pararam de olhar para mim como se eu fosse uma celebridade. Não vou mais ganhar o Oscar.
Mick riu e terminou sua xicara de café.
--- Eu gostaria de ter conhecido esse Colin. Ele parece ser legal --- disse Peter para Arthur.
--- E é --- respondeu o outro.
Alguns minutos se passaram, e Luigi se deu conta de que horas eram.
--- Tenho que ir --- disse ele --- Amor, você quer que eu te leve pra...
Luigi parou de falar, seu olhar estava focado na porta.
Dois homens altos estavam parados, com as mãos entrelaçadas.
Peter seguiu o olhar, e viu Seth e Will juntos.
Seth olhava fixamente para Peter, e Will olhava para todos.
Pareceu que, em muitos meses, Will estava feliz novamente.
Eles se aproximaram, e Seth disse para Peter.
--- Quando me disseram que você tinha voltado de viagem, eu tive que vir ve-lo.
Peter se levantou e deu um abraço bem apertado em Seth. Ainda abraçando Peter, Seth abriu a mão e gesticulou para os outros presentes.
--- Oi pessoal.
Arthur estava contente em ver Will tão feliz. Mas Mick...
Não que Mick não gostasse de Seth. Só que Mick não conseguia explicar o por que de não gostar cem por cento dele. Algo em Seth fazia Mick sentir um pouco de... Ele não sabia nomear tal sensação.
--- Mas olhe só para você --- disse Seth para Peter --- Continua belo com sempre.
Peter queria responder a mesma coisa, mas não sabia se conseguiria.
Seth estava com uma aparencia estranha por causa da doença. Poucos fios de cabelo continuavam em sua cabeça; sua pele estava cadavéricamente pálida, e ele estava quilos mais magro, quase esquelético.
Peter deu passagem para que Seth comprimentasse os outros presentes.
Will apenas se virou para Peter e disse " Oi, Peter " e se virou na direção contrária.
Vinte minutos depois, Peter e Luigi foram embora. Luigi tinha que trabalhar, e Peter tinha que saber se ele ainda tinha um emprego.



Enquanto o elevador da ArtDeco subia até o 9º andar, Peter meditava sobre os tipos de traições que Mick e Luigi haviam nomeado. Tentou se imaginar nas quatro.
Paixão.
Sem duvida essa era a mais improvável. Peter se perguntava como um coração conseguia nutrir dois sentimentos parecidos com duas pessoas diferentes.
Atração.
Esse era um motivo mais racional. Qualquer um pode amar alguem, mas mesmo assim se sentir atraido por outra pessoa. Até Peter olhava discretamente para outros homens. Não que tivesse coragem ou vontade de conhecer esses homens, mas é algo que pode acontecer.
Necessidade.
Um pouco mais complicado. Pensou naquele em que Arthur havia se apaixonado, e que Peter não teve a sorte de conhece-lo. Esse rapaz era um garoto de programa que fazia isso para pagar a faculdade. Ele realmente necessita de dinheiro. Se este é unico modo dele conseguir se sustentar, seu trabalho podia contar como traição?
Exibicionismo.
Esse sim era o mais ridiculo. Trair alguem só para que a outra pessoa ficasse sabendo era perda de tempo.
Quando a porta do elevador abriu, Peter se livrou desses pensamentos e focalizou o seu motivo de estar ali. Peter estava com 26 anos. Ainda podia ser estagiário? Se bem que com essa idade, ser estagiário era algo totalmente humilhante.
Enquanto seguia para a sala da presidencia, onde esperava encontrar Christopher, Peter caminhava sem pressa alguma, enquanto cumprimentava aqueles que cruzavam o seu caminho.
A secretária de Christopher sorriu e deu boas vindas á Peter.
Peter entrou na sala sem ser anunciado.
Quando abriu a porta, viu Christopher ao telefone, com vários papéis diferentes em sua mesa, quatro blocos de amostras de tecido e um album de fotos do navio que eles haviam decorado algumas semanas atrás.
Quando Christopher avitou-o, fez sinal para que entrasse e esperasse.
Assim Peter fez. Enquanto esperava, ele folheva o album do Queen Mary Two.
Aquele realmente fora um ótimo trabalho. Tudo saíra perfeitamente, não houve sobra de material nem falta do mesmo. A Cunnard Line, a empresa responsável pelo navio, ficara muito satisfeita.
Peter sorriu ao pensar na grande soma de dinheiro que foi depositado na sua conta. Podia viajar com Luigi, talvez.
Quando Christopher desligou o telefone, sua testa estava completamente suada.
--- Oi, Peter. Em que posso ajuda-lo?
Peter sorriu ao ver o desespero nos olhos de Christopher sendo disfarçados.
--- Bom, eu quero saber se eu ainda sou um funcionário da ArtDeco.
Christopher apoiou as costas na cadeira e sorriu.
--- Bem, o que você acha? Desrespeitar e ofender o presidente é algo muito feio de se fazer, não acha?
--- E tentar seduzir um inocente funcionário não é algo feio de se fazer? --- Peter fez um biquinho e inclinou a cabeça para o lado.
Christopher não disse nada.
--- Christopher, vamos para de bobagem --- disse Peter, ficando sério --- Você sabe muito bem o quanto eu sou importante nessa empresa. Aqui não é a sua área, pra que tentar se enganar?
--- E quem você acha que você é para dizer qual é a minha área?
--- Simples --- disse Peter, sorrindo infantilmente --- Eu sou o decorador chefe da sessão residencial. Você, como presidente, sabe quais são as sessões, não sabe?
Christopher não fazia idéia do que Peter estava falando. A ArtDeco era divida entre três sessões. A Residencial era responsável por decorar casas, mansões e apartamentos. A sessão Comercial era encarregada de decorar shoppings, lojas de móveis e eletrodomésticos, lojas de departamento e até mesmo casas noturnas. A terceira sessão era a sessão particular, designada a apenas decorar aviões, navios, ou qualquer tipo de ambiente que a empresa fosse contratada para decorar.
A sesssão Particular tinha, como todas as outras sessão, os chamados Chefe de Sessão. Peter era o chefe da sessão residencial. O motivo dele ter ido decorar o navio era que o chefe da sessão Particular não foi considerado suficientemente competente para o trabalho.
Christopher olhava para Peter com olhos de quem tenta enganar.
--- Claro que sei. Mas e daí?
--- E daí que eu sou a pessoa mais indicada para tomar conta da empresa. Mas como você está ocupando o cargo de presidente, não posso faze-lo. Então para que eu sirvo?
Peter estava adorando a situação.
--- Fale, Christopher, diga-me: Quanto tempo você aguenta sem mim?
Naquele momento Christopher imaginou ter uma bola medieval, daquelas que contem pontas afiadas, para jogar em cima de Peter.
--- Eu não sabia que garotos de olhos azuis são tão malvados --- disse Christopher, sem humor algum.
Peter sorriu e se levantou da cadeira.
--- Você nem imagina o quanto. Então, nos vemos amanhã ás dez?
Christopher começou a recolher os papeis que estavam em sua mesa.
--- Ás dez. Em ponto.
Peter sorriu discaradamente e foi em direção á porta. Antes de chegar até ela, uma outra decoradora, que Peter não se lembrava como chamava, entrou.
--- Senhor Christopher, desculpe a intromissão. Olá Peter. O Marc quer saber qual pano ele deve usar para a cadeira de descanso. Seda ou Crepe italiano?
A decoradora sorria solicitamente, e Christopher não fazia idéia do que ela estava falando.
Ele não dura nem uma semana sem mim, pensou Peter.
--- Haam ... Acho que seria melhor o ...
--- Crepe italiano com certeza --- disse Peter para a decoradora.
A moça agradeceu a saiu da sala.
--- Era esse mesmo que eu ia escolher --- disse Christopher, sem graça.
Peter acenou com a cabeça e saiu da sala.


Quando Peter chegou em casa, o cheiro de filé de frango que vinha da cozinha era extremamente convidativo. Apenas o cheiro de arroz queimando incomodava um pouco.
Peter entrou na cozinha viu Luigi desligar o fogo do arroz rapidamente.
--- Arroz queimado. Meu preferido.
Ele sorriu e deu um beijo na bochecha de Luigi, que analisava o arroz, tentando saber se ainda estava comestível.
--- E aí, você ainda faz parte da classe trabalhadora desse país? --- perguntou Luigi.
--- Absolutamente. Christopher não sabe nem a diferença entre seda ou crepe.
Luigi se virou com uma expressão de duvida. Peter achou graça nisso e sorriu.
--- Um dia eu te explico. Sabe como é, são anos de aprendizado.
Luigi revirou os olhos e não disse nada.
Peter percebeu o silencio repentino. Foi até Luigi e passou os braços em sua cintura. Depois colocou o rosto em seu ombro.
--- O que foi? --- Peter quis saber.
Luigi deu os ombros.
--- Nada.
--- Nada?
--- É, nada.
Luigi se virou e beijou os lábios de Peter antes de se afastar.
--- Eu vou tomar um banho rapidinho e depois jantar. Você me espera?
Peter conhecia aquela conversa.
--- Tudo bem, vai lá.
Luigi se virou e saiu da cozinha.
Sempre que Luigi estava com algum pensamento perturbador na cabeça, ele evitava falar nisso usando a desculpa que tinha que tomar banho. Peter percebeu isso sem que Luigi precisasse falar.
Peter encostou na pia e contou mentalmente.
Um... Dois... Três... Quatro... Cin...
Quatro e meio foram suficientes. Em quatro segundos e meio, Luigi retornava na cozinha. Peter sorriu ao perceber que estava certo.
--- Aquela conversa no Archier me fez ficar pensativo! Digo, então você ficaria com outra pessoa se sentisse atração por ela? Ou por ele? Qual dos quatro graus você usaria para se justificar?
Peter passou a mão nos cabelos e deixou-as no pescoço. Ele sorria.
--- Peter, estou falandos sério! Você diria " Eu sinto algo por ele " ou " ele é muito gostoso " ou ...
--- Luigi, Luigi...
--- Não, me deixa terminar, ou você diria " eu precisava do dinheiro dele" ou " eu estou cansado de você e queria que você soubesse que eu ainda pego quem eu quiser" Heim Peter, o que você falaria?
Peter começou a rir. Quando Luigi falava sem parar, ele ficava vermelho e começava a ofegar.
Peter parou de rir e estendeu o braço.
--- Vem aqui --- disse ele.
Luigi estendeu a mão e foi até ele. Peter o colocou na sua frente e pediu para que ele fechasse os olhos.
Quando Luigi fechou os olhos, ele sentiu-se ser erguido para o alto e colocado na bancada que ficava no centro da cozinha.
--- Continue com os olhos fechados --- Peter ordenou.
Luigi sentiu a respiração de Peter perto dos seus olhos. Depois sentiu os lábios de Peter beijarem-lhe as temporas, e depois as linhas da sobrancelha. Sentiu o nariz de Peter descer para a sua orelha, seus lábios enconstando suavemente na sua pele. Sentiu o queixo quase sem pelos de Peter massagear seu pescoço. Por fim sentiu os lábios de Peter encostarem de leve nos seus lábios.
Os pelos do braço de Luigi estavam arrepiados.
--- Abra os olhos --- disse Peter suavemente.
Luigi abriu os olhos e foi de encontro com os brilhantes olhos azuis de Peter, que o fitavam com doçura.
--- Eu não vou á lugar algum. Não sem você. E você não irá se livrar de mim tão cedo, senhor Luigi Cortez.
Luigi sorriu constrangido por ter verbalizado seus pensamentos.
--- Aqueles quatro graus idiotas que você e o Mick criaram... Não se aplicam a mim. Não que eu seja melhor ou pior, mas simplesmente porque eu sei o que eu quero. E o mais importante, eu sem quem eu quero.
Luigi sorria, mas ainda estava constrangido.
--- Me desculpe, amor. Eu... Sei lá, acho que fui possuido por algum espirito do cão e... Sabe como é.
Eles se beijaram e esqueceram dos quatro graus.
Peter tinha mesmo razão? Quando você tem certeza do que você deseja, esses quatro graus se tornam inaplicáveis? Numa relação como aquela, não havia espaço para outras pessoas nem para hierarquias sobre traição?
De repente Luigi abriu os olhos e afastou os lábios de Peter. Olhava para a panela de arroz.
--- Vamos ter que fazer outro --- disse Peter.
Luigi olhou rapidamente de Peter para a panela. Com um impulso, ele saiu da bancada central.
--- Você faz --- disse, dando um beijo rápido nos lábios de Peter e se afastando da cozinha.
--- Aonde você vai? --- gritou Peter quando o perdeu de vista.
A voz veio do meio da escada.
--- Tomar banho.
Peter se virou para o fogão, não acreditando que teria que ficar quarenta minutos no fogão fazendo arroz.
Melhor fazer outro do que comer o queimado, pensou Peter antes de começar a cozinhar.

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