O Presente.
Peter e Mick estavam em uma grande loja de departamentos em um dos shoppings mais caros e luxuosos da cidade. Enquanto passavam por calcinhas, álbum de fotografia e taças de vinho, Peter era atacado por uma única pergunta.
--- O que se dá para um casal que está completando 40 anos de casados?
Mick, que estava ao seu lado, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, não sabia a resposta.
--- Viagra? Pintos de borracha?
Peter não sabia exatamente o porque de ter chamado Mick acompanha-lo.
--- Uma fita adesiva para calar a boca?
--- Então não vai rolar sexo oral?
Peter suspirou profundamente e passou a mão sobre os cabelos louros.
--- Por favor, se não for pedir muito, eu queria sua ajuda para comprar o presente.
--- Ta, tudo bem --- disse Mick, vasculhando a loja com os olhos --- Temos que pensar como velhos. O que gente velha precisa?
--- Meias? Cachecóis?
--- Velho demais. Álbum de fotografia?
--- Claro, para eles colarem os melhores anos de sua vida em um livro que custa vinte reais.
--- Dá á eles algo que...
Mick perdera o sentido da frase. Sua atenção foi guiada para o homem de camiseta branca e calças azuis que estava a poucos metros de distancia. Peitoral firme. Volume interessante na calça.
Peter seguiu o olhar de Mick e achou o objeto de distração.
--- Controle-se. Aqui é uma loja caríssima, e você...
Peter perdeu o raciocínio também.
--- Aquele homem está fazendo o que eu acho que ele está fazendo? --- Peter perguntou, abismado.
O homem de camiseta branca havia aberto o zíper da calça e desabotoado o botão. Abaixou um pouco a calça e mostrou alguns pelos que saltavam da cueca branca. Quando o homem percebeu que havia prendido a atenção de Mick e Peter, levantou uma sobrancelha, e com o dedo indicador, os convidou para chegarem mais perto.
Peter foi o primeiro a dar as costas. Não acreditava que era daquela maneira que as pessoas convidavam outras para fazer qualquer coisa.
Enquanto ia andando, percebeu que não ouvia passos atrás dele. Virou as costas e viu que estava só.
Mais adiante, Mick falava com o tal homem. Já tinha fechado o zíper da calça e abotoado o botão.
Pelo pouco de leitura de lábios que conhecia, Peter identificou a frase “E o seu amigo?” acompanhadas da resposta de Mick “Ele é hetero”.
Peter ficou olhando para a cena bizarra que se passava a poucos metros dele. Com um gesto das mãos, Mick lhe disseram para esperar um pouco.
Viraram um corredor e entraram em uma porta que indicava o sanitário masculino.
Uma coisa que sempre incomodava Peter era historias sobre gays que haviam feito boquete ou até mesmo sexo anal dentro de banheiros públicos.
Banheiros públicos. Quantos tipos diferentes de esperma e bactérias havia em um banheiro publico?
O que Peter não entendia bem era mensagens deixadas atrás das portas dos boxes dos banheiros. Frases como “dou, chupo, como, ligue para XXXX-XXXX” era algo que ele já havia visto diversas vezes. Até mesmo na faculdade já chegara a ler tais inscrições, e, certa vez, viu dois pares de pernas no mesmo boxe. O que estavam fazendo não era muito difícil de imaginar.
Voltando a realidade, sentiu seu celular vibrando dentro do bolso da calça. Era Luigi.
--- Oi amor.
--- Oi. Como você está? Nem vi você acordado hoje.
--- Pois é, saiu cedo...
--- Disponibilidade de alguns modelos. Alguns só podem fotografar bem cedo. Está chateado?
--- Não, está tudo bem. Estou no shopping com Mick, comprando alguma coisa para seus pais.
Não agradava á Luigi que Peter e Mick ficassem muito tempo juntos.
--- Está com Mick? Por que não chamou Will?
--- Liguei para ele, mas me disse que estava ocupado no momento e não podia falar. Estava quase sussurrando.
--- Estranho. Mick está ajudando nas compras?
Peter varreu a loja com os olhos, a procura de Mick. Ainda devia estar no banheiro.
--- Mais ou menos. No momento ele está meio ocupado.
--- Muitas opções de presente?
--- Não --- Peter riu --- Está ocupado com um cara. Um fortinho que mostrou uns pelos para ele, e ele caiu de boca. Ou melhor, está caindo nesse momento.
--- Típico. Depois que dizem que ele é rodado, ninguém acredita.
Peter andava entre os corredores, sem prestar muita atenção onde estava indo.
--- Mas para que você me ligou?
--- Apenas queria ouvir sua voz. Quando saí de casa hoje você estava ferrado no sono.
Peter não entendia a reclamação. Luigi que havia saído cedo demais...
--- Vamos compensar hoje a noite. Estava pensando em eu e você na banheira. Posso comprar alguma comida instantânea.
--- Perfeito. Agora tenho que desligar, ligo pra você mais tarde. Te amo.
Antes que Peter pudesse responder, o celular já estava mudo.
Quando o homem segurava na sua cintura, fazendo Will rebolar cada vez mais rápido, seu celular ligou. Era Peter.
Não pode atender direito. Apenas entendeu algo sobre compras no shopping.
Will estava ocupado demais. Naquela semana, era a terceira vez que fazia sexo no banheiro da empresa, sempre tomando cuidado de não ser descoberto.
Benjamim, mais conhecido como Ben, era o novo advogado contratado da esmpresa de advocacia Menken and Hills. Contando 27 anos, 38 centímetros de cintura e 22 de pau, Ben era uma delicia. Depois daquela primeira noite que transou com ele, Will estava viciado naquele corpo.
Bem era insaciável. Sempre pedia mais, mesmo quando Will já havia gozado três vezes seguidas. Com uma pegada forte, suas mãos prendiam a cintura de Will e fazia com que seu pau bombasse com bastante força dentro lá dentro, até finalmente gozar. As vezes, quando não tinham muito tempo, ficavam apenas no boquete bem gostoso.
Durante o trabalho, os olhares lascivos entre os dois era algo bem comum. Só tinham que tomar cuidado para que os outros não percebessem.
Quando Bem terminou de lamber toda a porra de Will, chamaou-o para sua casa.
--- Minha mulher vai estar lá. Estamos afim de fazer sexo á três. Está convidado.
--- Eu não vou transar com sua mulher.
--- Claro que não vai --- Bem disse, passando a mão na bunda de Will --- Eu vou foder ela, enquanto você me fode. Depois disso, nós transamos na frente dela. É uma das fantasias dela, ver o marido dando para outro cara.
Will pensou bem no pedido. Poderia experimentar, se não curtisse, nunca mais faria.
--- Tudo bem. Depois do trabalho?
--- Perfeito.
Will sentiu Bem ficar excitado de novo.
Tinham apenas 5 minutos. Era tempo suficiente.
Se ajoelhou e começou um boquete em Ben, que segurava na sua nuca e mandava tudo para dentro.
Passando-se exatos doze minutos, Mick encontrou Peter na sessão de filmes e livros. Ele ainda não tinha decidido o que comprar.
Quuando Peter avistou Mick, logo percebeu na pequena mancha branca que havia na gola da camisa de Mick.
--- Não acredito que fez isso --- disse Peter ao se aproximar --- você nem conhecia aquele cara!
--- Mas agora conheço. E muito bem.
Mick deu um soco de brincadeira no ombro de Peter.
--- Falando em conhecer --- continuou Mick --- Ele está lá, te esperando.
--- Pra que?
--- Para você chupar ele, ora.
--- Mick, acorda. Eu não vou chupar um desconhecido. E só para lembrar, eu sou comprometido.
Peter levantou a mão e mostrou a aliança que ostentava no dedo.
--- O nome dele é Michael. Pronto, não é mais um desconhecido. E quando eu disse que você era hetero, aí ele se animou ainda mais.
--- Você é doente.
--- Ai Peter! Você transa com o mesmo cara faz quatro anos! Deve conhecer cada centímetro do pau dele! E como não enjoa?
--- Não vou ter essa conversa com você.
Mick fez cara de emburrado.
--- Você devia ir. Não sabe o que está perdendo.
A paciência de Peter chegara ao fim. As palavras saíam como água despejada de um balde.
--- Eu estou perdendo? Olha para você, garoto. Fica com mais de vinte homens no mesmo mês, mas está sempre sozinho. Mora com os pais que não sabem que você é uma bicha que adora pagar boquete em lugares públicos. Agora eu pergunto: Quem está saindo perdendo aqui? Eu tenho uma carreira profissional, uma casa maravilhosa e o homem que eu amo. E o que você tem? Apenas esperma na boca de um cara que você acabou de chupar dentro do banheiro.
Mesmo sem saber, ou mesmo sabendo, Peter havia falado demais. Já havia falado sobre Mick diversas vezes com Luigi, mas as conversas só ficavam entre eles.
Depois de uns segundo de silencio, Mick respondeu:
--- Pelo menos eu estou vivendo minha vida. Eu sei o que é conhecer diversos homens e me divertir com eles. Agora olhe para você: Alto, louro, olhos azuis, e perde tempo com um cara que fica o dia inteiro tirando fotos de garotos gostosos que estão loucos para dar uma foda. É tão ingênuo assim, Peter? Ou não quer enxergar o que está diante dos seus olhos? Por acaso ainda está dormindo?
Peter sabia o que Mick estava querendo dizer. Mick já mostrara sua opinião á respeito do trabalho de Luigi diversas vezes, mas Peter nunca lhe dera ouvidos.
--- Estou acordado. E confio em Luigi. Confiaria minha vida á ele. Mas e você? Confiaria sua vida e seu coração no homem que acabara de gozar dentro da sua boca?
Mick estava sem palavras. Mesmo querendo ignorar o que estava ouvindo, sabia que não podia. Sabia que Peter estava certo.
--- Foi o que eu pensei --- disse Peter, dando meia volta, atirando os possíveis presentes em uma prateleira e saiu da loja.
Ás onze horas da noite, quando Peter estava adormecido no sofá da sala, com a tevê ligada no canal de séries dos anos oitenta, Luigi chegou em casa. Trazia no pescoço sua câmera que usava no trabalho.
Luigi se aproximou do sofá e viu Peter perdido em sonhos. Sentiu uma onde da culpa assaltar-lhe.
Fazia algumas semanas que estava quase sem tempo para Peter. Sentia-se culpado por deixá-lo sozinho tanto tempo durante o dia, e quando chegava a casa tarde da noite, estava cansado e caindo de sono. Trabalhar na revista de moda mais importante do país estava fazendo com que ficasse cada vez menos tempo com Peter.
Inclinou-se sobre a cabeça de Peter e observou-o dormir. Em poucos segundos, dois olhos azuis tão belos quanto o oceano o fitaram, acompanhados de um sorriso de tirar o fôlego.
--- Dez reais pela câmera. Quinze se o dono vier como brinde.
Luigi riu e sentou-se no sofá, perto da barriga de Peter.
Colocou a mão em seu rosto, e passou-a pelos cabelos claros e lisos dele.
--- Desculpe. Disse que estaria aqui hoje, cedo. Só consegui sair agora.
--- Tudo bem --- disse ele, puxando Luigi para seu colo, fazendo-o deitar em cima de dele --- Não tem problema. Meu dia não foi dos melhores.
--- O que houve?
--- Briguei com Mick. Acho que o deixei magoado.
--- Por que brigaram?
--- Fui sincero demais.
--- Disse á ele que ele era uma bicha solitária que chupava qualquer um?
--- E mais um pouco.
Luigi suspirou profundamente. Nunca foi muito fã de Mick, sempre o vira como um cara fútil demais. Mas não gostava de ver Peter preocupado com ele.
--- Vai ficar tudo bem. Sabe como ele é. Amanhã estará vindo aqui para você ir comprar alguma roupa para ele.
--- Espero que sim.
Ficaram em silencio durante um tempo, apenas se abraçando e sentindo o corpo um do outro. As curvas de seus corpos se encaixavam perfeitamente.
Luigi e Peter não faziam o estilo “musculosos de academia”. Estavam mais para pessoas saldáveis que sabem se alimentar da maneira correta.
--- Aliás, não comprei nada para seus pais. Não achei nada.
--- Não se preocupe. Eu comprei dois presentes. Um já está com uma etiqueta escrita “Peter”.
Peter sorriu e apertou Luigi ainda mais.
--- Obrigado. Sabe que eu te amo?
--- De nada, e sim, eu sei. Apesar de ultimamente eu não estar te dando a devida atenção. Trabalhar na Vogue está nos transformando em dois gigantes que se cruzam de vez em quando.
--- Por que não sai de lá? Seu sonho é abrir uma galeria de arte, poderia fazer isso.
--- Mas é a Vogue --- explicou Luigi --- Trabalho pra vida toda. E o salário é excelente.
--- Dinheiro não é problemas para nós, sabe disso.
--- Eu sei.
Peter deslizou a mão até a cintura de Luigi e deu um beijo nele.
--- Sabe que quando quiser sair da revista, terá meu total apoio.
--- Obrigado. É bom ouvir isso.
Conversaram durante mais alguns minutos, até que enfim adormeceram no sofá.
Quando eram umas três da manhã, Luigi acordou com as costas doendo. Lembrando-se que haviam dormido no sofá da sala, se levantou e com muito esforço, carregou Peter até o quarto.
Enquanto tirava a roupa, e depois a roupa de Peter, pensou em como tinha a sorte de estar ali, naquele quarto, com aquele homem.
Quando se deitou, passou o braço sobre a barriga de Peter, e se curvou para apoiar a cabeça na nuca dele.
Disse “eu te amo” antes de adormecer.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
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