Book.
Trabalhar na revista de moda mais respeitada do país exigia talento e profissionalismo. Luigi era abençoado com as duas características.
Luigi era o chefe da equipe de fotografia da Vogue. Suas responsabilidades incluíam cuidar e arrumar equipamentos, incluindo lentes, luzes, planos de fundo e as vezes os próprios modelos fotografados. Apesar de a revista sair uma vez por mês, Luigi estava sempre atarefado. Nas poucas oportunidades que não tinha que trabalhar, ele era designado a fazer retoques e ajustes nas fotografias usando alguns programas de edição.
Depois de uma sessão com modelos vestidas de noivas, Luigi se preparava para fotografar modelos masculinos, vestidos de roupas sociais.
--- Moda e estilo até mesmo nos executivos --- dissera para ele a editora da Vogue, Vittoria Walker.
Vittoria Walker começou na vogue como repórter, depois passou para editora do departamento de cosméticos e finalmente para editora chefe da revista. Isso levou nove anos. Hoje, Vittoria tinha total respeito de todos os funcionários e era uma fonte de inspiração para muitas mulheres que ali trabalhavam.
Uma das características marcantes de Vittoria era seu impressionante poder de persuasão. Mexendo muitos pauzinhos que tinha á seu favor, Vittoria conseguia que ninguém, aonde quer que esteja, conseguisse falar “não” para ela. Luigi, sabendo disso, sempre tentou conversar o mínimo possível com ela.
Um fato interessante na vida de Vittoria era que foi casada três vezes, e hoje se encontrava solteira. A causa do fracasso de seus casamentos era seu filho Eric, um veadinho assumidamente passivo que sempre foi mimado pela mãe, que nunca conseguia conquistar os maridos dela.
A sexualidade de Eric não era problema nenhum para Vittoria. Trabalhando em uma revista de moda, os que não faltava ao seu redor eram gays falando sobre Vivienne Westwood ou Christian Dior.
Eric tinha só 16 anos e ainda estava na escola. Era a segunda escola que estudava, porque na primeira em que estudou acabou se envolvendo com o professor de educação física, que acabou sendo expulso da escola, acusado por assédio sexual. O que ninguém sabia é que os assédios começaram a partir de Eric.
Enquanto Luigi tirava as fotos dos modelos vestidos como executivos bem arrumados, Eric observava, de longe.
Eric já havia estado ali muitas vezes, pois sendo filho da editora chefe, para ele não existia um lugar ali onde ele não poderia estar.
Tirando o vestiário masculino, o estúdio de fotografia era um dos locais favoritos de Eric. Sempre ia ali para ver o seu mais recente objeto de desejo: O chefe da equipe de fotografia, descendente de italianos, que tinham cabelos pretos na altura das orelhas.
Mas um fato que incomodava um pouco Eric são duas coisas: A aliança que o fotografo levava no dedo e uma fotografia que se encontrava na mesa do fotografo. Na fotografia estava o chefe da equipe de fotografia, abraçado com um cara louro de olhos azuis.
Com certeza sou melhor do que ele, pensou Eric, não há quem resista a uma carinha de bebê.
Enquanto olhava para o fotografo, começou a observar seu corpo e, mais especificamente para o volume que se formava em suas calças.
Eric sorriu e colocou as mãos no bolso.
Em uma semana, estarei dando para o chefe da equipe de fotógrafos, pensou ele.
--- Luigi Willer? O fotografo?
--- É assim que ele chama? Tanto faz, não importa. É ele mesmo.
Vittoria estava sentada na sua mesa, olhando para a tela do computador. Eric, seu filho, estava de pé, olhando pela janela.
--- Acho que ele é casado, meu filho.
--- É hetero?
--- Não, mas mora com um cara faz não sei quanto tempo.
--- Humpf. Sei quem é. Vi uma foto dos dois na mesa dele.
--- Bonito?
--- Sem sal, sem açúcar. Parece ser gordo. Mas enfim, mamãe, tem como conseguir?
Vittoria pensou por alguns segundos.
--- Sim, acho que sim. Mas não sei se ele vai querer sair com você.
--- Ela vai querer, tenho certeza. Tenho meus truques.
Eric beijou o rosto da mãe e saiu da sala. Vittoria ficou olhando enquanto o filho saia pela porta.
Depois de terminar as fotos, Luigi havia guardado seu equipamento, dispensado os outros fotógrafos e agora se encontrava no estacionamento do prédio, com as chaves na mão.
Quando se aproximava do seu carro em cor vinho, viu um rapaz encostado no capô, com as mãos nos bolsos.
Devia ter no mínimo 17 anos. Seu cabelo era castanho claro, espetado para cima com gel. Usava o uniforme da escola, então presumiu que não tivesse nem 17 anos.
Enquanto se aproximava mais do carro, o garoto parecia sorrir.
--- Luigi Willer? --- perguntou ele.
--- O próprio. Nos conhecemos? --- perguntou Luigi.
--- Agora, sim. Sou Eric Walker, filho de Vittoria Walker.
Luigi já tinha ouvido falar naquele garoto. Um dos modelos contara uma vez que fora praticamente atacado por Eric enquanto se trocava. Disse que o boquete que daquele menino fazia era maravilhoso. Deixava até gozar dentro da boca.
--- Prazer --- disse Luigi, enquanto estendia a mão.
--- É totalmente meu --- disse Eric, se esquivando da mão de Luigi, para lhe dar um beijo no rosto.
Luigi ficou sem reação. Começou a achar aquela cena bem estranha.
--- Posso ajudá-lo em algo?
--- Sim, e muito. Eu quero fazer um book fotográfico. Sabe como é, mamãe quer ter um desses para se lembrar de mim quando eu for para a faculdade.
Luigi não disse nada. Estava esperando o garoto continuar a falar.
--- E... Minha mãe disse que você é o melhor fotografo que a Vogue tem.
Enquanto falava, Eric olhava para o rosto de Luigi, depois para seu peito. A camisa de Luigi, de botão até o pescoço, estava aberta até o segundo botão, com que fazia o começo do seu peito liso e firme ficar um pouco a mostra.
--- Bom, diga á sua mãe que eu agradeço o elogio. Mas infelizmente estou ocupado durante as próximas três semanas. Se você puder, podemos fotografas depois desse prazo.
Eric não gostou do que ouviu. Começou a pensar rapidamente.
--- Infelizmente, não posso. Esse book precisa ficar pronto até o final de semana.
Luigi notou uma pequena raiva contida na voz do menino.
--- Anda está cedo. Podemos fotografar agora?
Luigi olhou para o relógio. Seis e trinta e dois.
Não, não podemos fotografar agora!
Luigi estava cansado. Não tinha tanta pasciencia com modelos sem muita massa encefálica.
--- Bom, acho que sim. Iria precisar da equipe de maquiagem e figurino?
--- Não, acho que não. Minha pele é perfeita, sem espinhas e zero de oleosidade. Agora roupas... --- disse Eric, se aproximando de Luigi --- podemos dar um jeito nisso.
O garoto riu maliciosamente para Luigi.
--- Tudo bem. Vamos fazer o seguinte, suba e me espere no estúdio. Sabe onde fica?
--- Sei. O que vai fazer?
--- Ligar para minha casa.
--- Não demore, por favor.
Eric deu uma ultima olhada em Luigi antes de virar as costas e sair do estacionamento.
Era tudo que eu precisava, pensou ele.
Mick estava na esquina da Times, esperando Will e Arthur que tinham combinado de encontra-lo ali. Haviam marcado para se encontrar as nove e meia, e já eram dez para as dez.
Aonde estão aquelas beeshas? Perguntava ele.
Como naquele dia não tivera aula na faculdade, saiu cedo do trabalho, passou em casa e colocou a roupa mais apertada e justa que tinha no seu guarda-roupa. Iria aproveitar a noite para ficar com os amigos.
Enquanto esperava, viu do outro lado da rua um carro passar algumas vezes e depois estacionar. Os vidros eram revestidos de insulfilm.
De repente, o vidro do motorista abaixou um pouco, e Mick encontrou dois pares de olhos o observando.
Mick não se intimidou nem ficou com vergonha. Pensou tratar-se de mais algum cara olhando para ele. Ou até pensando na idéia de Mick ser garoto de programa.
Quando a porta se abriu e o motorista saiu para fora do carro, Mick viu de quem se tratava.
Lembrava-se daquele homem muito bem. A algumas semanas atrás, havia feito sexo oral nele em uma loja de departamentos. Tinha ido lá com Peter para escolher um presente, e acabara caindo de boca no pau daquele desconhecido.
O homem se aproximou de Mick com um sorriso carregado de malicia nos lábios.
--- Como você não me ligava nem atendia minhas ligações, tive que vir procura-lo.
Droga! Pensou Mick, não quero ficar com esse cara. Figurinha repetida não completa álbum!
--- Oi, e aí? Foi mal, estive ocupado.
Quando o homem se aproximou de Mick, deu um abraço que foi logo seguido por uma passada de mão na cintura.
--- Dando muito esse rabinho, não é? E para mim é apenas uma chupada no banheiro. Estou chateado.
O homem começou a colocar a mão por dentro da calça de Mick.
Mike verificou seu relógio. Três para as dez. Resolveu não esperar mais pelos amigos.
--- Vamos para um lugar mais reservado --- disse Mick, enquanto passava a mão no pinto do homem, que já estava duro.
Enquanto seguia para o carro, Mick enfiou a mão dentro da calça dele e sentiu o volume ficar maior.
Logo na esquina da onde estavam, um outro carro observava a cena.
O homem que estava lá dentro viu seu filho ser apalpado por um cara mais velho, passar a mão no pinto dele e depois entrar em um carro com insulfilm.
O nome do homem que viu essa cena era Nicollas Bernal.
Dois toques. Três. Quatro.
Depois, uma voz completamente familiar.
“ Oi, você ligou para a casa do Peter e do Luigi. Deixe seu recado após o sinal”
Pensou se deixaria ou não uma mensagem para Peter, e resolveu que sim.
Esperou pelo sinal, que veio logo em seguida.
--- Amor, Oi, sou eu --- começou ele --- Vou me atrasar hoje, mais uma vez, para falar a verdade. Tive que tirar mais algumas fotos de ultima hora. Talvez eu chegue lá pelas onze horas. Me espera? Me liga quando ouvir a mensagem. Eu te amo.
Terminou a mensagem e se dirigiu para a porta do estacionamento.
Peter estava no banheiro, com a cabeça embaixo do chuveiro, lavando o cabelo. Não ouviu quando o telefone tocou quatro vezes.
Quando desligou o chuveiro, viu que o vapor havia embaçado o espelho enorme que havia no banheiro. Pegou um pedaço de papel higiênico e passou no espelho.
Quando viu sua imagem refletida no espelho, gostou do que viu. Apesar de não ser musculoso e de não ser grande fã de esportes, Peter estava em ótima forma. Seu Peito era firme e quase bem torneado. Não tinha muitos pelos, seu peito e sua barriga eram quase totalmente lisos.
Olhou para seus cabelos, que ainda pingavam água. Não havia muito contraste com a pele de seu rosto com o seu cabelo, Peter quase nunca pegava sol intenso, o que deixava sua pele bem branca e seu cabelo bem tratado. O único contraste em seu rosto eram os grandes olhos azuis.
Passou a mão pelo rosto e sentiu uma pequena camada de barba se formar. Quando forçou a mão sobre o queixo, sentiu sua pele ser “massageada” por uma barba grossa que começava a se formar.
Decidiu fazer a barba. Quase sempre era Luigi quem o fazia, mas Luigi ainda não chegara em casa. Como fazia alguns dias que Peter e Luigi não tinham um tempo só para eles, Peter decidiu leva-lo ao cinema e depois passar em algum motel caríssimo.
Ou poderiam ficar em casa, e fazer amor a noite inteira.
Enquanto a lamina de barbear retirava os pelos do seu rosto, Peter se lembrou de, depois que terminar de se barbear, devia ir até o quarto e acender o conjunto de vela que havia comprado na semana passada e ainda não tivera tempo de usar.
Quando terminou de fazer a barba, vestiu uma cueca branca, uma bermuda também branca e camiseta regata na cor preta. Apesar de não ter cara e muito menos jeito de bad-boy, usar camiseta regata deixava Peter com a impressão de que era um bad-boy.
Quando chegou até o quarto, abaixou perto da cama e apanhou o jogo de velas aromáticas que comprou. Quando colocou a caixa em cima da cama, viu de relance o numero “um” que estava no visor de seu telefone sem fio. O numero “um” indicava que havia uma mensagem. Apertou um botão e uma voz muito conhecida correu pelo quarto.
“Amor, Oi, sou eu. Vou me atrasar hoje, mais uma vez, para falar a verdade. Tive que tirar mais algumas fotos de ultima hora. Talvez eu chegue lá pelas onze horas. Me espera? Me liga quando ouvir a mensagem. Eu te amo”
Humpf.
Bom, pensou Peter, não é a primeira vez que chegar tarde mesmo ...
Peter não queria ouvir os próprios pensamentos. Não queria dar motivos aos pensamentos que ligavam Luigi a uma palavra que seu significado era totalmente desconhecida: infidelidade. Confiava em Luigi.
Olhou para as velas, ainda com a embalagem fechada, e colocou de volta á embaixo da cama.
Quando Luigi chegou ao estúdio de fotografia, á primeira vista não achou o garoto com que havia falado alguns minutos atrás. Olhou para o relógio em seu pulso e desejou estar em casa com Peter. Não estava com a mínima vontade de fazer porcaria de álbum nenhum. Mas Luigi sabia que não ia tirar sequer uma foto naquela noite. Tinha visto isso nos olhos daquele garoto.
Quando seus olhos varreram o estúdio, achou no chão peças de roupas. Primeiro um casaco azul, seguida por uma camiseta com o emblema de uma escola. Depois achou a calça, o cinto que a prendia, os sapatos e por fim as meias.
Teve que rir. Sabia desde o primeiro momento quais eram as intenções daquele garoto. Quais seriam as idéias dele? Tirar foto pelado, esperando que Luigi o possuísse ali mesmo? Que idéia mais estúpida.
As roupas jogadas no chão indicavam um caminho. Acoplado ao estúdio de fotografia, ficava uma sala quadrada, com o nome “LUIGI WILLER” pendurada na porta.
Foi em direção á porta, e a encontrou semi-aberta.
Empurrou com apenas um dedo.
Eric Walker se encontrava apenas de cueca azul. Estava sentado na mesa de Luigi, com os pés apoiado na borda da mesa e joelhos levantados. Com as mãos segurava a foto que havia Peter e Luigi.
Olhou para Luigi e perguntou.
--- Demorou para chegar. Pensei que havia me deixado.
Colocou a fotografia atrás das costas, escondendo-a. Esperou que Luigi falasse alguma coisa ou fizesse alguma coisa. Mas isso não aconteceu.
O único movimento de Luigi foi o de colocar as mãos nos bolsos da calça.
--- Quem é ele? --- e indicou a fotografia atrás das costas.
Luigi ainda achava aquele circo todo ridículo.
--- Há muitos nomes para ele. Pode ser Peter, MEU Peter, Amor, amigo, companheiro...
--- Credo. Ele é velho. E tem cara de ter pinto pequeno.
--- Peter é um ano mais velho do que eu. E o tamanho do pinto dele é totalmente satisfatório. Até demais.
--- Ai, para, vai. Essa conversinha de casal apaixonado há trezentos anos é tão idiota! Por que não fazemos o seguinte --- disse Eric, que tirava um pacote de preservativos de detrás das costas --- Você vem aqui, mais perto de mim. Transa comigo, me chama de qualquer nome que você quiser. Depois eu faço um belo sexo oral em você e você goza na minha cara. Eu te dou dez minutos de descanso, e depois você goza dentro de mim. Se for grande, e eu tenho certeza de que é grande, eu deixo você enfiar sem lubrificante e sem camisinha.
Luigi continuava mudo. Não acreditava no que estava acontecendo. Não que estivesse maravilhado, muito pelo contrário. Estava horrorizado.
Ele, ali no estúdio de fotografia da revista mais conceituada da cidade, com o filho da sua chefe, louco para dar para ele. Ridiculo.
--- Mas para isso --- continuou Eric --- você tem que chegar mais perto.
Eric sorriu, esperando.
Luigi tomou uma decisão.
Bem lentamente, foi caminhando até sua mesa. Quando estava á poucos centímetros de chegar, começou a dar a volta nela.
Eric estava maravilhado. Tinha conseguido o que queria. Podia sentir Luigi atrás dele, louco para possuí-lo.
Quando sentiu a respiração quente de Luigi perto das suas orelhas, ficou mais excitado ainda.
Fechou os olhos.
Esperava que as mãos dele conhecesse seu corpo primeiro, para depois penetrar bem fundo. Já estava preparado para engolir todo o esperma de Luigi, sem deixar derramar uma gota no chão. Esperava que aquela mesa não fosse suficiente. Queria transar com aquele fotografo em todos os lugares possíveis.
Mas isso não aconteceu. Nem aconteceria.
Quando ouviu a voz dura e fria de Luigi, abriu os olhos, sem nada entender.
--- Saia da minha mesa. E depois da minha sala. E nunca mais volte a encostar neste retrato. E sob hipótese alguma volte a se aproximar de mim.
Eric olhou para Luigi, que estava sério ao falar.
Eric estava quase explodindo. Estava se perguntando quem aquele fotografo pensava que era para recusar uma foda com o filho da editora da revista mais conceituada no meio da Moda.
Um som atravessou a sala. O celular de Luigi tocando.
--- Vista-se. Vou chamar o segurança para acompanha-lo até a saída.
Saiu da sala e atendeu o celular. Era Peter.
--- Oi amor --- disse ele --- Já estou voltando pra casa.
--- Já acabou a sessão?
--- Na verdade, nem começou. Te conto quando chegar em casa.
Luigi não viu quando Eric saiu da sua sala, e se curvou para pegar suas roupas.
--- Volte logo.
--- Já estou á caminho. Eu te amo.
Esperou Peter desligar, para depois fazer o mesmo.
Quando se virou, viu Eric quase completamente vestido. Havia ira em seus olhos.
Luigi deu um passo para trás quando Eric veio em sua direção e ficou á centímetros do seu rosto.
--- Você ainda vai ser meu. Pode não ser hoje, mas você ainda vai pedir pra eu deixar você gozar na minha boca.
Deu meia volta e saiu, batendo firme no chão.
Luigi ficou apenas olhando. Tinha 25 anos, não tinha mais idade para acreditar na fúria de um adolescente mimado.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário