segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Capitulo 08.

(Continuação)

Quando o carro prata estacionou em frente á casa decorada com pano do tipo tule, nas cores branco e lilás, eram quase cinco horas da tarde. O sol estava quase se pondo, e o frio da noite começava a se tornar perceptível.
Peter segurava os presentes em seu colo, enquanto Luigi tirava a chave da ignição.
--- Dá pra fugir ainda --- disse Peter --- Poderíamos passar o final de semana em um desses hotéis bem sujos que ficam á beira da estrada.
Luigi sorriu e segurou a mão de Peter.
--- Ou podemos ficar, comer alguma coisa gostosa e depois transar no meu antigo quarto.
--- Ou quem sabe... --- antes que Peter pudesse argumentar, uma voz vinda da varanda da casa o interrompeu-o.
--- Olha só para ele! Luigi, filho!
--- Tarde demais --- disse Luigi, antes de descer do carro e dar um beijo no rosto de Peter.
Carmen estava eufórica porque seu filho estava em casa novamente. Por muito pouco não pode conter as lagrimas.
--- Oi, mãe! --- disse Luigi, enquanto dava um abraço bem apertado em Carmen.
Giulliano estava logo atrás, com um sorriso que seria capaz de furar-lhe o rosto.
--- Olha quem está vindo da cidade --- disse ele, enquanto se dirigia em direção ao filho --- E pelo jeito não está sozinho! Vejo que trouxe um belo rapaz!
Peter estava deslocado e sem jeito, segurando os presentes nos braços.
Ele sorriu quando Giulliano notou sua presença.
Carmen revirou os olhos.
--- Seja bem vindo, Peter --- disse Giulliano, depois de ter abraçado Luigi --- Parece cada vez mais jovem!
--- Eu digo o mesmo do você --- falou Peter, enquanto arrumava os presentes embaixo do braço para poder abraçar Giulliano.
Carmen, que ainda estava emocionada ao ver o filho, e ao mesmo tempo estava irritada ao ver o jovem de olhos azuis em sua festa de casamento, disse á Luigi:
--- Mas vamos entrar, vamos entrar, você tem que ver a família, todos estão aí.
--- Sim, mamãe, sim. Mas antes diga Oi ao Peter.
Carmen, mesmo á contra gosto, fez o que o filho lhe pediu.
--- Olá, rapaz. Ouso dizer que Giulliano estava meio equivocado.
--- Oi, Carmen. Parabéns pela comemoração. Mas por que ele estava equivocado.
Carmen riu, como se tal equívoco fosse algo bem obvio.
--- Ora, vejo que seus cabelos estão mais esbranquiçados do que louros.
Carmen deu as costas para Peter e para o marido e puxou Luigi.
Giulliano desculpou-se pela mulher.
--- Não ligue, filho. É inveja. Essa tinta que ela compra para esconder os fios brancos está deixando-a meio lesada.
Peter sorriu e seguiu Giulliano, que ia subindo a varanda e depois porta adentro.



--- Sexo bissexual? --- perguntou Arthur, meio sem entender --- Por quê?
Estavam conversando ao telefone, no fim da tarde.
--- Ah --- respondeu Will --- fui convidado para fazer isso. Um cara que eu pego de vez em quando. É casado e tudo mais, mas a mulher dele tem vontade de vê-lo transando com outro cara.
--- Mas fosse iria transar com ela também?
--- Não, acho que não.
Arthur avaliou a situação por uns segundos.
--- Bem --- disse ele --- Sei lá, eu não faria. Qual a graça de enfiar o pau em um cara que está chupando os peitos da própria esposa?
--- Não sei. Por isso te liguei.
--- Acho que não posso te ajudar muito, querido --- respondeu Arthur --- Mas vai lá. Se for legal, você me conta. Se for apavorante ver uma mulher nua na sua frente, você me conta para eu dar risada depois.
--- Humpf.
Na tela do seu computador, um dos contatos de Arthur mandou-lhe uma mensagem.
--- Tenho que ir --- disse ele, desligando --- Tenho que fazer café.
--- Okay. Mas o que acha de irmos à Times hoje á noite?
--- Claro --- respondeu Arthur, os olhos fixos na tela --- Chame o Mick também. Será divertido.
Desligou antes que Will pudesse responder.
Na tela do computador á sua frente, a mensagem “ Você agüenta dezenove centímetros de pau na sua boca? ” ainda estava esperando resposta.
Dezenove centímetros.
Bem, pensou ele, quem diz a verdade depois que inventaram o sexo virtual?



Toda a família Willer e a família Cortez estavam concentradas dentro da casa de cor branca em estilo vitoriano. Umas estranhas junções de descendentes diretos de italianos e irlandeses bebiam, riam, conversavam e tiravam fotos de todos os lugares.
E o único descendente de ingleses estava encostado em uma pilastra no canto da sala, com um copo de champanhe cheio nas mãos.
Durante as duas horas que se passara desde que chegara, Peter viu Luigi ser arrastado para todas as direções para cumprimentar todos os seus parentes. Uma família numerosa e tanto.
Algumas vezes, Peter tinha a companhia de alguns parentes de Luigi. Todos os tratavam-no muito bem, diga-se de passagem, mas Peter não pode ignorar alguns olhares curiosos vindos de outros membros da família.
Estava de saco-cheio. Já estava arrependido de ter vindo. Sabia que ia ser assim, ele sozinho, tendo que agüentar olhares estranhos e ter que ver Luigi longe dele. Não que fosse possessivo nem nada disso, mas a única pessoa com que poderia conversar era Luigi. E naquele momento, sua mãe o arrastava pela casa inteira.
--- Peter, quanto tempo.
Peter olhou para trás e deu de cara com Charlotte, uma tia de Luigi.
Charlotte, apesar de ser bem legal, não sabia muito bem como controlar a língua. Muito menos o champanhe.
--- Tia Char, realmente, quanto tempo. Como está?
--- Bom --- disse ela, passando a mão pelos quadris --- Em ótima forma, vamos admitir.
Sua risada pode ser ouvida de outros cômodos da casa.
--- Sempre linda.
--- Mas e você, querido --- disse ela, enquanto passava o dedo indicador pela barriga de Peter --- Vejo que também não está de se jogar fora! Como vão você e Luigi?
--- Estamos ótimos, obrigado.
--- Mas que bom, mas que bom. Mas você sabe é, nunca é tarde para voltar atrás e reavaliar seus conceitos não é?
--- Hã --- Peter não fazia a menos idéia do que ela estava dizendo --- Não sei. É ?
--- Mas claaaaaro! Olha, deixe-me contar um segredinho --- disse ela, enquanto olhava para os lados para que ninguém mais escutasse --- Quando eu estava no colégio, eu namorei uma garota. Pois é, vivendo e aprendendo.
Peter balançou a cabeça, já entendendo muito bem o que ela estava dizendo.
--- Mas quando ela me levou para casa dela e mostrou sua “amiguinha” para mim, saí de lá correndo igual a um cavalo!
Peter queria que um buraco se abrisse e o suga-se para dentro.
--- Mas vamos dar ao tempo ao tempo. Quando tempo faz que está com o Lui? Onze anos?
--- Quanto anos e dez meses.
--- Sim, isso, claro. Errei por pouco.
Ela sorriu e ficou encarando Peter.
Peter não sabia o que exatamente devia fazer. Devolveu o olhar.
Por fim, ela se cansou.
--- Criança inocente. Bem, deixa eu ir ali, querido, depois nos falamos.
Enquanto sai, Charlotte piscou um olho para Peter e sorriu.
Perto da pilastra onde Peter se encontrava, a poucos metros dele estava a escada do segundo andar.
Queria ficar um pouco sozinho, estava cansado da viajem e da festa.
Olhou para os lados e depois para os degraus da escada.
Enquanto subia a escada, pousou a taça de champanhe em um aparador que estava perto dele.


Nas poucas horas em que chegara a sua antiga casa, Luigi falou com todos seus parentes, vizinhos, amigos da família e convidados especiais, que eram os sócios da empresa de seu pai.
Enquanto era arrastado por todos os lados por sua mãe, que estava radiante em exibir o filho para todo mundo, viu de relance seu Peter sozinho em um canto da sala. Quando pediu licença aos convidados e foi em direção á ele, sua mãe segurou em sua mão.
--- Ele está bem --- dissera ela --- Deixe-o lá por uns minutos.
E lá se foi Luigi ser arrastado pela sua mãe.
Quando finalmente conseguiu falar e cumprimentar todo mundo, foi aonde lembrava ter visto Peter pela ultima vez.
Mas ele não estava lá.
Cadê ele? Pensou.
Começou a procurar pelo primeiro andar da casa, sem encontra-lo. Quando perguntou ao seu pai se o tinha visto, ele respondeu que o tinha visto subir as escadas.
Todas as portas do segundo andar da casa estavam fechadas. Menos uma.
Tocou na maçaneta e empurrou a porta. Não precisava nem olhar. Sabia que estava lá. O perfume que passara depois de tomar banho quando chegou na casa ainda estava perceptível.
Quando colocou a cabeça para dentro do quarto, o viu deitado em sua antiga cama, segurando um porta-retrato nas mãos.
Seus olhos se encontraram e os dois sorriram.
--- Oi --- disse Luigi --- Posso entrar?
--- Claro. É o seu quarto.
O quarto de Luigi era pintado de azul marinho, com a cama no meio. De um lado havia uma estante com alguns livros e cadernos dos tempos da escola. Do outro, havia uma mesa com um antigo computador de mesa.
Ao lado da cama havia dois criados-mudos, um sem nada por cima e o outro com um porta-retrato, mas este já se encontrava nas mãos de Peter.
Luigi foi até a cama e sentou ao lado de Peter.
--- Oi. E aí --- disse ele.
--- Quarto legal.
--- É um bom trabalho de decoração?
Luigi segurou a mão de Peter e enlaçou os dedos.
--- Bem --- disse Peter, brincando --- A cor não é totalmente favorável. A mobília não combina com nada. E aquele computador velho dá um toque de bagunça ao ambiente.
Quando terminou a avaliação, virou o rosto para o Luigi e sorriu.
Luigi chegou mais perto dele e deu-lhe um beijo carinhoso.
--- Não te beijei hoje --- disse, enquanto abaixava a cabeça para deitá-la sobre a barriga de Peter.
--- É mesmo.
--- Está chateado?
--- Não. Estou entediado. Quando a festa acaba para nós podermos transar aqui, no seu quarto?
Peter e Luigi riram alto.
--- Só mais algumas horas. Eu prometo recompensa-lo depois.
Peter começou a passar os dedos entre os cabelos lisos de Luigi.
Luigi, para não adormecer sempre que faziam carinho em seu cabelo, pegou a foto que Peter havia colocado de lado. Ficou um tempo olhando-a, perdidos em lembranças.
--- Engraçado --- disse ele --- Quando essa foto foi tirada, eu tinha treze anos. Lembro-me que nessa época eu tinha vontade de abrir a galeria de arte, para eu poder colocar meus trabalhos em exposição.
--- Você ainda pode abrir a galeria.
--- Quem sabe no próximo ano --- respondeu ele, colocando a foto no lugar.
--- Conseguiu fugir da sua mãe?
--- Sim e não. Disse a ela que eu tinha que ir ao banheiro.
--- Hum.
--- Mas não se preocupe, uma hora ela nos acha.
Peter e Luigi ouviram passos rápidos no corredor. Salto alto.
--- Menos de um minuto --- disse Peter --- Tempo recorde.
Carmen colocou a cabeça para dentro do quarto, zangada.
--- Saímos em meia hora.
De relance, enquanto se virava, olhou feio para Peter.
--- E só melhora a hospitalidade --- disse Peter.
Luigi olhou para Peter e ficou a centímetros do seu rosto.
--- Desculpe te arrastar pra cá. Sei que não gostaria de ter vindo.
--- Tudo bem.
--- Sério?
--- Não --- disse Peter, rindo --- Mas não tem importância. Você está aqui, já é motivo para vir.
--- Obrigado. De verdade.
Luigi segurou com uma mão o rosto de Luigi, e deu um beijo delicioso.
Começaram a se animar.
Deitando-se os dois na cama, começaram a se beijar mais ardentemente. Os lábios de Luigi massageavam o pescoço de Peter, enquanto Peter começava a baixar a calça de Luigi.
Olharam um para o outro, pensando.
--- Temos meia hora --- disse Peter.
--- Melhor trancarmos a porta --- respondeu Luigi.
Luigi se levantou e procurou a chave, que estava perto do antigo computador. Quando ia em direção á porta, sentiu as mãos de Peter agarrar-lhe os pulsos e encostar sua barriga na parede. Os lábios de Peter estavam quentes e sedutores sobre a pele de Luigi.


Algumas horas, centenas de flashs de câmeras, e um discurso comovente depois, a casa da família Willer Cortez estava quase vazia, habitada apenas por Giulliano e Carmen, Luigi e Peter. A festa de casamento havia terminado a poucos minutos e todos os parentes já tinham ido para suas casas.
Peter e Luigi estavam sentados no sofá conversando, enquanto Giulliano e Carmen estavam na varanda, aproveitando os últimos minutos da noite.
Quando entraram na casa, Peter estava falando ao celular, enquanto Luigi estava se espreguiçando no sofá.
--- Mas que festa --- dissera ele.
--- A próxima só daqui á 30 anos --- brincou Giulliano.
--- Passa rapidinho, vocês vão ver. Bem, vamos dormir?
Luigi estava cansado, querendo logo ir para a cama.
--- Sim, vamos --- disse ele --- Só tenho que pegar mais travesseiros.
--- Por quê? --- quis saber Carmen.
--- Porque o que estão no meu quarto só dá para eu dormir. Não quero que Peter fique com dor de pescoço quando acordar.
Carmen ficou muda, como se não tivesse entendido algo.
--- O quarto de hóspedes está arrumado --- disse, quando recuperou a voz.
Giulliano apenas observava. Peter continuava afastado, falando ao celular.
--- Quarto de hospedes? Para quem?
--- Para Peter --- respondeu Carmen --- Não há necessidade dele dormir no seu quarto, com você.
--- Claro que há. Não há sentido ele não dormir comigo.
Carmen começou a perder a paciência.
--- Filho, tenho certeza que você consegue ficar uma noite sem ele. Falando nisso, ele logo irá viajar para trabalhar naquele navio.
--- E o que quer dizer com isso?
--- Bem --- disse ela, olhando para Giulliano --- Lá ele terá muitas distrações.
Luigi parou, tentando entender o que sua mãe estava dizendo.
Alguns segundos bastaram.
--- Espero que não esteja insinuando alguma coisa.
--- Nunca se sabe.
--- Olha, mãe, não vou discutir isso com você. Não é da sua conta, e muito menos do seu interesse. Peter vai dormir comigo, no meu quarto, e na minha cama.
Olhou para o pai e deu um abraço nele.
Foi até Peter, que ainda estava com o celular no ouvido e o arrastou escada acima.
Quando já estavam sozinhos no quarto, Peter desligou o celular e o colocou na mesa do computador.
Mas antes mesmo de poder dizer que era Mick aceitando suas desculpas, Luigi já estava abrindo os botões de sua camisa e beijando o seu peito.
Quando finalmente puderam dormir, o relógio marcava seis e meia da manhã.

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