sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Capitulo 07.

40 anos e quase cinco.

O grande dia chagara, finalmente. Não tão “finalmente” para alguns, mas chegara. Carmen e Giulliano Willer estavam casados oficialmente há quarenta anos. Peter ficou pensando aonde estaria dali á quarenta anos.
--- Amor? Vamos? As malas já estão no carro.
Peter olhou para Luigi, que estava pronto fazia vinte minutos.
--- Quase pronto --- disse Peter --- só preciso ligar para Mick.
Essa não era a resposta que Luigi esperava ouvir.
--- Pra que?
--- Tenho que me desculpar com ele.
--- Estamos atrasados.
--- Luigi Cortez Willer, seus pais esperaram quarenta anos por este dia. Tenho certeza que poderão esperar mais algumas horas.
--- Humpf. Só não demore, por favor.
Luigi foi até o meio do quarto, apanhou as chaves do carro e deu um beijo rápido em Peter.
Antes de chegar á porta, se virou.
--- Que tal um dia mudar nossos nomes para Luigi DeWitt Cortez e Peter DeWitt Cortez?
--- Soa bonito.
Luigi saiu do quarto e desceu as escadas pulando os degraus de dois em dois.
Quando pegou o telefone para ligar para Mick, o numero já estava salvo na memória. Mick ainda estava ignorando Peter, então ele era sempre recebido com a mensagem de “Não podemos atender no momento. Deixe um recado após o sinal”
Maquina mais estúpida, pensou Peter, se eu quisesse falar com um aparelho eletrônico, conversaria com meu liquidificador.
Mas não tinha muitas opções. Quando estivesse na casa dos pais de Luigi, não poderia ficar o dia inteiro com o celular pendurado na orelha.
Ligou mais uma vez, esperou a secretaria informar o que estava programada para informar, e depois foi seguida por um “Biiiii”
--- Oi, sou eu, Peter --- começou --- Sabe como eu odeio deixar essas mensagens, mas parece que você ainda não está falando comigo. Olhe, me desculpe, de verdade. Só porque eu tenho a vida que eu sempre quis ter, eu acho que essa vida é a melhor para todas as pessoas. Desculpe se eu o ofendi, e peço que me perdoe. Estou indo para a festa dos Willer, falo com você na segunda? Eu te amo, por favor, me perdoe.
Quando desligou o telefone e o encaixou na base, percebeu Luigi olhando para ele, encostado na porta.
--- Vamos? --- perguntou Peter.
--- Não vai ligar para o seu pai?
Peter estava evitando o assunto fazia alguns dias.
--- Quando eu voltar.
Pegou na mão de Luigi e desceram as escadas juntos.

Á quilômetros dali, Carmen Willer segurava o telefone e falava com Giulliano.
--- Por que Luigi não atende a ligação? Será que aquele drácula das almofadas não o deixou vir?
--- Querida --- respondeu Giulliano, fazendo o nó da gravata --- Eles já devem estar a caminho. E por favor, eu exijo que você trate com educação aquele jovem.
--- Tratarei Luigi como sempre tratei.
--- Me refiro ao Peter. Ele também está vindo para cá e Luigi ficaria magoado se Peter se sentisse desconfortável aqui.
--- Qualquer um se sentiria desconfortável em uma festa onde não foi convidado.
--- Eu o convidei.
--- Porque é um teimoso. Aquele drácula de olhos azuis deverá se comportar.
--- Peter é muito cordial e educado.
--- Quando me refiro ao comportamento, me refiro em relação á Luigi. Nem pense que eles dividirão o mesmo quarto.
Giulliano a encarou, sem entender.
--- O que? O que quer dizer?
--- Que ele não farão sexo aqui na minha casa. É o mínimo que o drácula pode fazer.
--- Pare de ser idiota, Carmen. Eles fazem sexo aonde eles quiserem.
--- Não na minha casa.
A campanhia da porta tocou, dando um fim á aquela conversa.
O casal de quarenta anos deu os braços e desceram as escadas.

A viagem de carro até a cidade onde os Willer moravam demorava em média uma hora e quinze minutos sem transito. Mas como não havia ninguém na estrada naquele dia, Luigi achava que poderiam chegar em menos tempo, em cinqüenta e cinco minutos, talvez.
Peter e Luigi estavam escolhendo qual CD deviam ouvir durante o trajeto.
--- Lorena Simpson? --- indicou Luigi.
--- Algo menos gay --- pegou a pilha e colocou em seu colo, conferindo suas opções --- Este aqui --- escolheu e entregou para Luigi.
--- Autoramas? Ainda não sei por que você gosta de ouvir isso.
--- Por que é legal --- respondeu --- E sem falar que o vocalista é lindo.
--- E casado.
--- Um pequeno detalhe.
Luigi retirou o CD da caixa e colocou no toca - CD.
--- Então quer dizer que, quando formos casados, isso será apenas um detalhe?
Peter entendeu aonde Luigi queria chegar.
--- Claro que não --- colocou a mão sobre a perda dele --- Na verdade, um papel, para mim, não diz muita coisa.
--- Não ?
--- Nem tanto. Quer dizer, essa papelada toda é apenas papel. O importante mesmo é o que as pessoas envolvidas sentem um pelo outro.
--- Ou melhor, o que nós sentimos um pelo outro. Papel não fortalece um sentimento.
--- Exatamente.
Peter se inclinou para dar um beijo no rosto de Luigi.
--- Sabe o que eu estava lembrando esses dias? --- disse Luigi.
--- O que? Quando a Britney beijou a Madonna? Foi ridículo, eu sei.
--- Não, tonto. De quando nós nos conhecemos.
Peter também se lembrava, quase todos os dias.
--- Parece que foi ontem --- disse sorrindo de maneira nostálgica.
--- Quase cinco anos --- disse Luigi, radiante --- Pensou que chegaríamos a tanto?
--- Para falar a verdade, sim. Eu sempre tive certeza.
Luigi também sempre tivera certeza. Desde o primeiro minuto que um jovem de cabelos claros e olhos azuis entrou no foco de sua antiga câmera.

Quando era um aluno iniciante no curso de fotografia e tratamento de imagens, Luigi teve um trabalho para o final de semana: Tinha que fotografar todos os prédios e monumentos históricos da cidade.
Já havia tirado fotografias de estátuas, museus, a biblioteca publica e mais uns pontos turísticos. Faltava apenas o mais bonito e maior construção antiga da cidade: O Teatro Rosa Vermelha.
O Rosa Vermelha ocupava novecentos metros quadrados e tinha a altura de um prédio de cinco andares.
Construído no século dezoito pelo prefeito da época, o teatro era todo construído no estilo gótico, mas seu interior era decorado com o estilo renascentista.
O Rosa Vermelha recebia esse nome por causa dos inúmeros canteiros de rosas que estavam espalhados pela cidade. Mas atualmente, o Rosa Vermelha fora renomeado e passou a se chamar Teatro Folhas de Outono.
Luigi achava o novo nome até interessante, mas preferia o nome original. Sem falar da quantidade de turistas que não sabem da mudança e passam horas rodando a cidade á procura do antigo Rosa Vermelha.
Se praparando para fotografar, Luigi dobrou um joelho e encostava o outro no chão para poder ter o melhor enquadramento. Depois de fazer os ajustes necessários e focalizar o teatro á sua frente, uma cabeça com cabelos louros e corpo protegido por um casaco de frio entrara no campo de visão segundos antes do botão disparador ser acionado.
Quando o responsável por atrapalhar o trabalho de Luigi escutou o barulho de uma câmera sendo acionada, se virou imediatamente e se deparou com um jovem de cabelos pretos, que estava com um dos joelhos enconstado no chão, como se estivesse na posição dos antigos cavaleiros.
Mas o que carregava nas mãos não era uma espada. Era uma câmera de 75 mm que acabara de tirar uma foto dele, de costas.
Luigi se encontrou de joelho, sem palavras e totalmente sem graça, encarando o rapaz mais bonito que já vira na vida.
O jovem vestia um sobretudo preto, que caia-lhe até a altura dos joelhos. Em seu pescoço estava enrolado um cachecol listrado, nas cores cinza e marrom.
Nas mãos, carregava uma pilha de livros e papeis, e nos ombros ostentava uma correia que segurava uma mala estilo carteiro verde escura.
Nunca viu nada mais lindo. Seus cabelos eram tão claros, que se o sol batesse naquele exato momento, de louros se transformariam em brancos. Sua pele era tão clara quanto marfim.
Os traços do seu rosto eram tão delicados, que se a folha mais leve batesse em seu rosto, ele se quebraria em mil pedaços.
E os olhos. Os olhos daquele jovem rapaz eram profundos e expressivos. Vinham carregados de um azul tão claro que até mesmo o oceano ficaria com inveja de tanta beleza.
O louro de olhos azuis ficara mudo com a cena que estava vivenciando. Enquanto observava um antigo teatro, sua atenção fora desviada para o som de uma câmera sendo acionada. Quando achou o responsável pelo equipamento, vira que estava de joelhos, como se estivesse prestes a fazer-lhe um pedido.
Sua pele era tão bonita, um tom de moreno-claro que combinava perfeitamente com o cabelo preto e olhos cor de madeira.
Os corações daqueles dois jovens completamente diferentes bateram no mesmo ritmo apenas por alguns segundos.
Quando voltaram á realidade, seus corações competiam para ver quem batia mais rápido.
Peter foi o primeiro a falar. Enquanto olhava para o equipamento nas mãos do homem de cabelos pretos, viu o que ele estava fazendo. Ou o que estava tentando fazer, antes dele aparecer e atrapalhar.
Virando a cabeça novamente para o teatro as suas costas e mais uma vez para o atraente homem á sua frente, Peter corou igual a uma criança.
--- Me desculpe. Não tive intenção de atrapalhar --- disse, andando alguns passos para o lado, saindo do foco da lente.
--- Não tem problema --- disse o outro --- Não atrapalhou em nada.
--- Claro que não. Apenas minha grande cabeça o fez gastar um quadro de filme --- Peter tentou sorrir, ainda sem graça.
--- Não importa --- disse Luigi, se aproximando do rapaz louro --- Esse teatro está aí a mais de 200 anos. Acho que agüenta mais alguns minutos. E essa câmera --- indicou com as mãos --- tira fotos digitais.
--- Então apague a foto em que eu apareci. Devo ter atrapalhado seu trabalho.
A voz de Peter era tão macia que parecia sair da boca de um anjo.
E como não poderia ser? Tão clarinho, com os olhos tão azuis! Como não dizer que era um anjo?
--- Ficou legal. Meio descontraída, sei lá.
Ele riu diante do comentário, e voltou sua concentração para os arredores do teatro.
Luigi já podia imaginar o que estava acontecendo.
--- Está perdido? Posso te ajudar?
Peter se virou para o jovem e fez que sim com a cabeça.
--- Me deram este endereço --- colocou a mão no bolso do casaco e entregou ao jovem de cabelos pretos um papel branco, dobrado várias vezes --- Mas não acho o teatro Rosa Vermelha.
--- Está na frente dele --- respondeu Luigi, devolvendo o papel.
Peter ficou sem entender.
--- Este não é o teatro Rosa Vermelha.
--- Não é mais. Até uns dois anos antes, esse era o nome dele.
--- Ahh ...
Peter se virou e encarou o velho teatro. Estava meio obvio, pois era o único teatro da cidade.
--- Se não for intromissão, o que veio fazer no Rosa Vermelha? A companhia de teatro está de férias.
Peter sabia disso. Estava ali por outro motivo.
--- Vim fazer um trabalho da faculdade. Essa hora, o diretor do teatro dá palestras sobre decoração e estilo renascentista.
--- Faz arquitetura?
--- Designer de Interiores --- Peter sentia orgulho ao falar o nome do curso.
--- Ah sim. Bom, acho que você não vai ver palestra alguma hoje.
Enquanto estavam ali, conversando, os portões do teatro começavam a se fechar. Um segurança musculoso esperou que um grupo de pessoas entrasse para depois fechar as portas e pendurar uma placa escrita “proibido entrar depois que as portas se fecham. Não insista”
--- Não! --- Peter gritou, e saiu correndo igual um louco em direção ás escadas do teatro.
Sem perceber, seu cachecol havia se desenrolado do seu pescoço, e enquanto corria, voou para longe.
--- Ei, espere! --- gritou Luigi, depois de ter pego o cachecol e começado a correr atrás de Peter.
Peter não ouvia. Apesar de ter apreciado os poucos segundos que passou conversando com o fotografo, e ainda desejando poder conversar mais, não podia perder aquela palestra. Tinha feito uma viagem de carro até aquela cidade estúpida só para ver aquela palestra.
Corria depressa em direção ao teatro, mesmo sabendo que era inútil. Não percebeu que em seu encalço havia o fotografo carregando seu cachecol favorito.
Quando chegou ás escadarias do imenso teatro e deu de cara com a porta fechada, Peter dobrou os joelhos e tentou recuperar o fôlego.
Quando finalmente seu sistema respiratório já funcionava mais normalmente, abriu os olhos e percebeu que seu pescoço estava descoberto.
Quando levantou a cabeça, suas mãos imediatamente foram de encontro ao seu pescoço.
Mas foram seus olhos azuis que encontraram seu cachecol favorito, enrolado cuidadosamente em circulo.
Enquanto descia as escadas bem devagar, o fotografo sorriu e lhe estendeu o braço.
--- Acho que isto é seu.
Peter pegou o cachecol nas mãos e sorriu.
--- Obrigado.
--- Parece que perdeu a palestra.
--- Pois é --- disse Peter, encantado demais para se aborrecer --- Mas não era obrigatória.
Ele sorriu, fazendo com que Luigi sorrisse também. Sem perceber, Peter ainda estava um degrau mais alto do que Luigi.
--- Você não é daqui --- disse Luigi,
Não era uma pergunta, e sim uma afirmação.
--- Como sabe?
--- Eu saberia se fosse.
--- Por que em uma cidade pequena todo mundo conhece todo mundo?
--- Não. Porque seus olhos são os mais incríveis e mais lindos que eu já vi.
Peter corou pela segunda vez naquele dia, com o mesmo rapaz. Não queria pensar em nada, queria apenas apreciar o momento.
--- Sou Peter --- disse estendendo a mão, ainda vermelho demais para agradecer o elogio.
--- Prazer, Peter. Me chamo Luigi.
--- Oi.
Luigi apertou a mão de Peter durante alguns segundos que pareceram horas. Quando Peter se lembrou, desceu do degrau da escada e ficou na mesma linha de Luigi.
Luigi não era tão mais alto do que Peter. Talvez Peter fosse mais alto apenas um milímetro.
--- Vai ficar muito tempo na cidade?
--- Só vou ficar mais dois dias.
Dois dias eram mais que perfeitos.
--- Se precisar de um guia para a cidade --- ofereceu-se Luigi --- Pode me chamar. Sei onde fica os melhores restaurantes, se por acaso estiver com fome.
--- Na verdade, gostaria mais de um café.
--- Posso te mostrar o melhor café daqui. Quer ir?
Peter avaliou a situação. Sempre foi ensinado á nunca falar com estranhos e muito menos segui-los por caminhos que não se conhecia.
Mas não conseguia ver mais aquele jovem como um estranho. Deixara de ser um estranho quando se virou e o viu de joelho, diante dele.
Luigi começou a considerar a hipótese de Peter se heterossexual. Ou pior ainda, que não tivesse interessado nele.
--- Não que ir? --- Luigi não conseguia interpretar o silencio de Peter --- Não sou um maníaco. Pode confiar em mim.
Tais palavras bastaram para Peter.
--- Eu vou confiar.
Luigi sorriu e começou a guardar a câmera no estojo apropriado á ela.
Alguns minutos depois, Peter bebia o melhor capuccino que já havia provado.
Conversaram sobre muitas coisas, entre elas musica, filmes e, é claro, fotografia, a grande paixão de Luigi.
Mas enquanto conversava com Peter, Luigi começou a considerar a fotografia sua segunda paixão.
Luigi contou sobre o trabalho que estava fazendo. Para ter uma desculpa de ver Peter novamente, disse que a foto do Rosa Vermelha era a primeira foto que ia tirar naquele dia.
Luigi e Peter marcaram de se encontrar no dia seguinte, assim Peter poderia conhecer a cidade e Luigi, enquanto fazia seu trabalho, poderia mostrar os lugares bonitos á cidade.
A primeira coisa que Luigi fez quando chegou em casa foi se trancar em seu quarto escuro e revelar apenas uma foto. A fotografia que continha um jovem de costas, com um casaco preto e cachecol listrado, em frente ao Rosa Vermelha.
As outras fotos foram para o lixo. Nenhuma delas importava. Apenas uma era realmente importante.
No dia seguinte, uma chuva sem fim cobria a cidade e deixava o tempo péssimo para fotografias. Luigi pensou que Peter não fosse encontra-lo, e que no dia seguinte ele estaria indo embora. E
apenas a única recordação que Luigi teria era uma foto dele, de costas. A beleza dos seus olhos ficaria apenas na memória de Luigi, que o tempo, impiedoso e sem coração, tentaria apagar.
Mas Peter estava lá. Com seus cabelos brilhantes e claros, usando um casaco preto que ia até a altura dos quadris. Segurava um guarda-chuva minúsculo, de listras vermelhas.
Apesar de ter os pés completamente molhados, Peter sorriu quando avistou Luigi./
Resolveram esperar até que a chuva desse uma trégua, mas isso não aconteceu. Com o vento forte que arrastava as folhas de suas arvores, o guarda-chuva de Peter também acabou sendo levado pelo vento.
Pouco tempo depois, a chuva virou uma garoa fina. Peter e Luigi ficaram contentes porque puderam andar um pouco e conversar sem ter que gesticular ou gritar.
Mas não durou muito. Quando a chuva voltou, fez com mais intensidade. Quando deram por si, estavam correndo novamente, a procura de um abrigo.
Foram parar em frente ao Rosa Vermelha. Havia uma multidão de pessoas na porta principal, lutando por uma chance de se manterem secas.
Eles correram e deram a volta pelo teatro, achando um espaço pequeno, que cabia perfeitamente os dois juntos.
Peter foi o primeiro a entrar. Mas não importava nada, pois já estava todo molhado.
--- Sai da chuva! --- disse Peter --- Entra aqui!
--- Não cabe --- respondia Luigi, enquanto seus cabelos eram chicoteados pelo vento.
Peter teve que tomar uma atitude. Esticou o braço e pegou na mão de Luigi. Esse toque havia disparado várias reações diferentes em Peter, pois era a primeira vez que tocava a pele de Luigi.
--- Tem que chegar mais perto --- disse ele, puxando Luigi para o pequeno espaço.
Quando suas barrigas se tocaram, e suas pernas tiveram que se cruzar para poderem caber no pequeno espaço, os dois podiam sentir a respiração um do outro. Seus corações, mais uma vez, competiam para ver quem bombeava mais sangue.
Olhares intensos. Olhares constrangidos por causa da situação. Olhares decididos.
Olhares apaixonados.
Quando Peter passou a mão pela cintura de Luigi e apertou-o contra si, pode sentir pela primeira vez em sua vida, que estava com a pessoa mais especial que já havia conhecido.
As mãos de Luigi subiam e desciam sobre as costas de Peter. Quando finalmente chegaram até a nuca, e seus polegares alisavam o rosto de Peter, e um desejo incontrolável o invadiu.
Os lábios de Peter eram rosados e uniformes, nem carnudos e nem secos. Em outras palavras eram perfeitos.
Perfeito. Essa era a palavra certa para descrever aquele momento.
Quando seus lábios se tocaram, seus corações estavam a mil. Entregaram-se ao desejo que havia nascido neles desde o primeiro momento em que se viram.
Os dedos de Luigi se perdiam entre os cabelos lisos de Peter.
Peter não conseguia pensar em nada. Apenas no toque suave daqueles lábios nos seus.
Quando abriram os olhos, não havia mais chuva, nem vento. Nem parecia que estavam em um lugar super pequeno e apertado. Nada mais importava. Como na foto que Luigi havia revelado na noite anterior. Nada mais era importante.
Apenas duas pessoas, dois corações, duas almas e dois sentimentos importavam.
Apenas Peter e Luigi que importavam.

(continua)

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